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Os números que explicam a baixa confiança da indústria

A retomada tende a ficar para meados do ano que vem, se o poder aquisitivo melhorar

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Por Redação
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A confiança dos empresários industriais recupera-se em ritmo lento. Em 2015, chegou a níveis baixíssimos que se estenderam até abril último, quando esboçou uma recuperação. Mas esta prevaleceu apenas entre maio e julho e não se sustentou, segundo a Sondagem da Indústria de Transformação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). Houve leve alta da confiança entre outubro e novembro, de 86,6 para 87 pontos, mas na média o indicador está praticamente estável há quatro meses, abaixo da marca de 100 pontos que separa os campos negativo e positivo.

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Os números da sondagem são compatíveis com outros indicadores do setor. A indústria de transformação cortou 5,5 mil postos com carteira assinada em outubro e 418 mil nos últimos 12 meses, segundo o Ministério do Trabalho. E a produção caiu 3,5% no terceiro trimestre em relação a igual período de 2015, segundo as Contas Nacionais do IBGE.

Empresas em geral – e indústrias em particular – têm baixa rentabilidade e estão endividadas. Essa é a maior dificuldade para a recuperação econômica, admitiu o Ministério da Fazenda, em nota oficial. Ou seja, só uma minoria de indústrias tem saúde financeira para investir.

Os números, é verdade, já foram piores. A comparação da confiança das 1.105 indústrias consultadas em novembro pelo Ibre/FGV com os indicadores de novembro de 2015 mostra que houve uma melhora de 11,2 pontos. Mas a evolução é insatisfatória. “O setor aguarda notícias que alterem o ambiente de negócios, ainda bastante desfavorável”, notou a coordenadora da sondagem, Tabi Thuler Santos. A demanda melhorou levemente entre outubro e novembro (+3 pontos), mas ainda está em 85,3 pontos. Apenas 9% das indústrias consultadas consideraram que a demanda é forte.

As expectativas para os próximos três meses melhoraram um pouco e chegaram a 93,8 pontos, aproximando-se do nível médio de 100 pontos. Mas o porcentual de empresas que prevê maior produção nos próximos meses aumentou apenas de 28,8% em outubro para 29,5% em novembro. Uma em cada cinco indústrias espera produzir menos. A utilização da capacidade é da ordem de 74%.

A retomada tende a ficar para meados do ano que vem, se o poder aquisitivo melhorar.

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