PUBLICIDADE

Publicidade

Oscilação do dólar não prejudicará inflação, diz Meirelles

"O susto dos últimos 15 dias mostrou o acerto da política econômica brasileira", defendeu

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, declarou hoje que a variação da taxa de câmbio está em um "patamar absolutamente aceitável" e isento de provocar pressões inflacionárias ou crise cambial no País. Em sessão conjunta de seis comissões do Congresso Nacional, Meirelles afirmou ainda que, apesar de o mercado projetar uma taxa de inflação de 4,17% neste ano, os índices de preço deverão convergir para o centro da meta oficial de 4,5% estabelecida para 2006 (e também para 2007). O presidente do BC esquivou-se de comentar qual deverá ser a meta para 2008 sob a alegação de que será definida na próxima semana pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). "O susto dos últimos 15 dias mostrou o acerto da política econômica brasileira", defendeu Meirelles, ao responder à advertência do deputado Sérgio Miranda (PDT-MG) sobre a volatilidade (oscilação) da taxa de câmbio no período. "É o contrário (de uma crise cambial). Dizem que estão entrando muitos dólares no País. Entretanto, a grande vantagem de uma economia sólida é não ter artificialismos nos seus fluxos de capital", argumentou, refutando a possibilidade de adoção de controles de ingresso e saída de divisas e de intervenção no câmbio. Para Meirelles, o setor exportador tem condições de competir sem se valer de "mecanismos legislativos e burocráticos". O forte ingresso de moeda estrangeira, como resultado das exportações elevadas, não pode ser classificado como indicador de vulnerabilidade. Conforme argumentou, as medidas de controle cambial são remédios típicos de economias vulneráveis. Valendo-se de uma metáfora médica, sustentou que equivaleria à internação de um doente em uma UTI. Apesar da insistência de Sérgio Miranda, o presidente do BC afirmou que as incertezas no mercado externo verificadas nos últimos 15 dias não chegaram a impactar negativamente as expectativas de inflação do mercado - ao contrário, houve melhoria. Na última segunda-feira, por exemplo, a pesquisa semanal feita pelo BC mostrou que o mercado financeiro prevê uma taxa de 4,17% para este ano. Mas, para evitar especulações sobre uma eventual mudança na meta de 4,5%, Meirelles insistiu que essa taxa mais baixa já está convergindo para o centro. Conforme sustentou, a vantagem de manter a inflação "ancorada" nessa meta é trazer maior previsibilidade para os agentes econômicos, em decisões como a tomada de crédito, investimentos e contratações, e para os trabalhadores, em termos de emprego e aumento de renda. Em seu ponto de vista, esse sistema trouxe um "ganho histórico" para o Brasil. Meirelles enfatizou ainda que a avaliação de risco da economia brasileira por agentes internacionais - o chamado risco-país - tem flutuado normalmente e em linha com o de outros países emergentes. As elevações recentes, ressaltou ele, não chegaram a atingir os níveis registrados no passado e recuaram em seguida. Crescimento tímido Indagado por parlamentares sobre o crescimento tímido da economia brasileira, em comparação com o desempenho de outras nações emergentes, o presidente do BC rebateu que, no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) teve expansão média de 3,7% por ano, entre 2003 a 2006, o dobro dos três anos anteriores. Segundo Meirelles, com um crescimento de 4% em 2006, como foi previsto pelo BC, a elevação do PIB brasileiro estará muito próxima da expansão de outros emergentes, como o México e a Coréia do Sul, e será superior à dos Estados Unidos e de países europeus. Segundo ele, a expansão vem sendo mais forte na China e na Índia, de 9% e 6% ao ano, respectivamente, porque esses países ainda atravessam a fase de incorporação de mão-de-obra rural na atividade industrial. "Esta é uma fase que o Brasil já passou desde o início do século passado, até meados da década de 70", arrematou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.