
21 de janeiro de 2021 | 15h39
BRASÍLIA - Candidato à presidência do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) evitou se comprometer com a privatização da Eletrobrás. A capitalização da estatal (ou seja, a venda de ações na Bolsa) está na lista do ministro da Economia, Paulo Guedes, que prevê a privatização de oito estatais neste ano.
O projeto de venda da estatal está parado no Congresso Nacional. Pacheco, apoiado pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e pelo presidente Jair Bolsonaro, se disse favorável a privatizações no geral, mas não a um "entreguismo sem critério".
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No mercado financeiro, as ações da empresa caíram em reação à declaração. Os ativos da Eletrobrás atingiram as mínimas do dia por volta das 13h20, com as ações PNB recuando 5,37% e as ON caindo 4,61%. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o candidato do DEM apontou propostas prioritárias para o Senado a partir de fevereiro, mas fez questão de deixar de fora a privatização da estatal.
A eleição para a presidência do Senado está marcada para o próximo dia 1º. O governo enviou o projeto de venda da empresa em 2019 para a Câmara. No Senado, está uma das principais resistências.
"O foco agora haverá de ser a preservação da saúde pública, um programa social e o crescimento econômico a partir das reformas que sejam necessárias no sistema tributário, a administrativa, as privatizações, não essa da Eletrobrás, mas de um modo geral diminuir o tamanho do estado empresário", disse Pacheco.
O apagão no Amapá aumentou a resistência do Senado à privatização da empresa. "Não vou me comprometer com prazo, isso é um processo de longo e apurado estudo. Não é raciocínio fácil dizer que a Eletrobrás precisa ser vendida. Episódios recentes da vida nacional demonstraram que a iniciativa privada é muito boa, mas por vezes não tem compromisso social que o setor público tem."
Pacheco se apresentou como um parlamentar favorável a privatizações de um modo geral. Além da Eletrobrás, o governo estuda um programa para os Correios. "Mas não pode ser entreguismo sem critério num momento de muita dificuldade econômica porque, se não, vira uma gota de água na chapa quente do orçamento", declarou o senador.
Para ele, mudanças econômicas precisam ser feitas por meio de medidas como a reforma tributária e a desoneração da folha salarial. "Isso é muito mais inteligente do que entregar o patrimônio nacional a qualquer preço."
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Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato à presidência do Senado
21 de janeiro de 2021 | 15h19
Atualizado 27 de janeiro de 2021 | 17h13
BRASÍLIA - Candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) afirmou que o teto de gastos não pode ficar “intocado”. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele defendeu uma discussão sobre a retomada do auxílio emergencial ou um aumento do Bolsa Família a partir de fevereiro. As declarações de Pacheco foram mal recebidas pelo mercado financeiro após a publicação da entrevista pelo Estadão/Broadcast. O principal índice da B3, a Bolsa paulistana, caiu; dólar e juros subiram com a percepção do risco de flexiblizar a norma fiscal.
Pacheco é apoiado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e pelo presidente Jair Bolsonaro. Fechou uma aliança com nove partidos, entre os quais o PT, que reúnem 41 senadores, sem contar dissidências. Na disputa, terá como principal adversária a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que até agora conquistou a adesão de quatro legendas (28 senadores) à sua campanha. Diante das críticas e da pressão que Bolsonaro vem sofrendo, Pacheco disse que o impeachment não pode ser banalizado e considerou que a conduta do presidente não representa uma ameaça à democracia. Abaixo, trechos da entrevista:
Temos um compromisso absoluto com o teto de gastos e o ajuste fiscal. Não é possível gastar o que não tem. Todavia, há um estado de necessidade em função da pandemia. Precisamos, enquanto Estado, encontrar uma solução para remediar o problema dessas pessoas mais vulneráveis, seja com auxílio emergencial renovado seja com incremento do Bolsa Família ou de algo assemelhado.
A forma de fazer, se é com crédito extra, com cumprimento do teto, rompimento do teto, isso tudo precisamos dialogar com o Ministério da Economia. Tem que ser rápido porque a fome não espera. Precisamos compatibilizar a observância da rigidez fiscal com a necessidade de ter esse auxílio.
Seria difícil. Exigiria mudança de regra e muita boa vontade e sacrifício do governo federal e do País. Essa é uma discussão que devemos fazer à luz da técnica, dos números, do regramento, mas à luz também da sensibilidade humana e política de atender às pessoas.
O teto não pode ficar intocado em um momento de extrema necessidade em que é preciso salvar vidas. Obviamente, essa rigidez pode ser relativizada, mas vamos trabalhar muito para que não seja relativizada.
Vejo erros e acertos do governo federal, dos estaduais e das prefeituras. Não vejo erro deliberado, com vontade de errar, especialmente em um tema que sacrifica a população. São erros decorrentes do inusitado da situação. Agora, temos que reunir o Congresso e buscar mais acertar do que errar.
Podemos evoluir com a reforma tributária e administrativa, não necessariamente nos moldes concebidos pelo governo federal.
A reforma tributária não pode ser errada e sacrificar setores inteiros e Estados. Não se pode criar mais um imposto sem modificar os atuais. É até aceitável se pensar na criação de um tributo, desde que haja desoneração na outra ponta, um sistema que não imponha sacrifício ao contribuinte. Aí, eventualmente, pode ser discutido, cria CPMF e desonera a folha. Acho que este ano a reforma sai do papel e vira realidade.
Eu sou candidato dos senadores e das senadoras. A manifestação do presidente foi por mim muito bem recebida. Não há interferência do presidente Bolsonaro. É uma sinalização positiva de que podemos ter um ambiente de pacificação nos próximos dois anos, mas sempre resguardada a independência do Senado.
Não podemos considerar um partido A ou B como inimigo da Lava Jato. A operação cumpriu e cumpre papel importante por alcançar toda e qualquer pessoa, mas não se pode atropelar a Constituição. É questão interna corporis da Procuradoria-Geral da República a manutenção ou não da Lava Jato. Não haverá da minha parte resistência a pautas de moralidade, ética e combate à corrupção. Essa é uma pauta do Senado, não da Lava Jato.
Impeachment é algo muito grave, que abala as estruturas da República e que precisa ter fundamento de fato e jurídico. Nós já tivemos dois episódios de impeachment recentemente. Não foram passagens boas para a estrutura da República. Justo ou não, é sempre um episódio ruim da vida nacional. Não podemos banalizar o instituto do impeachment. De qualquer forma, minha percepção de nada vale neste momento porque, caso haja algum pedido, será submetido à Câmara.
Seria leviano da minha parte dizer. Isso é um exame que tem que ser muito apurado, responsavelmente feito.
Vivemos numa democracia. Há divergências que, às vezes, evoluem para atritos. E esses atritos, por vezes, têm algum tipo de rispidez. A democracia do Brasil está consolidada. Obviamente, teremos toda a observância e cautela para preservar a defesa do estado democrática de direito. Há uma distância muito longa entre manifestações e ameaça concreta às instituições democráticas. Não acredito que passe pela cabeça do presidente qualquer iniciativa de ruptura democrática.
O conselho deverá ter funcionamento oportuno assim que as regras sanitárias permitirem.
Aguardamos a elaboração da Câmara de algo que concilie o anseio da sociedade com a observância do princípio da culpabilidade. É preciso compatibilizar o trânsito em julgado com o efeito da pena.
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