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Pacote dos EUA não ajuda muito os consumidores, dizem analistas

Por JUSTIN GRANT E ALEXANDRIA SAGE
Atualização:

Ações de empresas de varejo caíram na quinta-feira nos EUA, diante da percepção de que o pacote de 150 bilhões de dólares anunciado pelo governo para evitar uma recessão dará pouco alívio aos varejistas e consumidores. A Casa Branca e o Congresso chegaram a um acordo preliminar para conceder uma restituição de impostos de 600 dólares a indivíduos sem dependentes, de até 1.200 dólares para casais, e de mais 300 dólares por filho. A presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, prometeu mais medidas se isso for necessário para estimular a economia. Com os consumidores às voltas com dívidas, preços de alimentos e combustível em elevação e sem poupanças, o pacote proposto não bastaria para estimular os gastos com consumo, segundo Howard Davidowitz, presidente da consultoria de varejo com sede em Nova York Davidowitz & Associates Inc.. "Todos reconhecem que o estímulo não vai fazer nada de forma permanente. É só uma gota no balde", disse ele. "Quando você olha para alguém que não pôs nada numa casa e agora tem patrimônio negativo, você realmente acha que (o pacote) trata dessas questões?" As ações de companhias varejistas, enquanto isso, já perderam parte dos ganhos obtidos com a decisão de terça-feira do Federal Reserve de cortar os juros em 0,75 ponto percentual. O índice Dow Jones de varejo dos EUA caiu 1,5 por cento, enquanto o Índice Standard & Poor do setor de varejo perdeu 1,2 por cento. As ações da rede Wal-Mart Stores Inc fecharam em baixa de 2,4 por cento. A Family Dollar Stores Inc caiu 5,4 por cento, a Circuit City Stores Inc teve perda de 1,4 por cento, e o Target Corp caiu 2,7 por cento. Os gastos dos consumidores, que respondem por cerca de 70 por cento do PIB dos EUA, foram prejudicados no último semestre à medida que a alta dos preços dos alimentos e combustíveis se somaram aos problemas nos mercados financeiro e habitacional. O Congresso e o governo Bush têm negociado há dias uma forma de injetar dinheiro no bolso dos consumidores, de modo a reduzir a desaceleração econômica que, na opinião de muitos, pode virar recessão. A Federação Nacional do Varejo divulgou nota elogiando o acordo, depois de pressionar o Executivo e o Legislativo a agirem. "A proposta apresentada hoje é um estímulo econômico simples, com alvo, que irá colocar rapidamente dinheiro no bolso dos consumidores onde ele pode promover o crescimento econômico com a criação de demanda em todos os setores da economia", disse Steve Pfister, vice-presidente-sênior da federação para relações governamentais. Mas, na opinião de Mark Coffelt, presidente da Empiric Funds, de Austin, em vez de mandar cheques aos eleitores em ano eleitoral, o governo deveria voltar suas atenções para gastos com infra-estrutura, pesquisa e desenvolvimento. "Isso aceleraria os gastos de capital", disse Coffelt, cujo fundo possui títulos de curto prazo de varejistas. "Focar na infra-estrutura teria um efeito imediato e de longo prazo. Focar no consumidor... há teorias de que as pessoas não reagem a isso." Embora os temores de uma recessão nos EUA tenha levado a quedas generalizadas nos mercados mundiais nesta semana, a situação econômica não é assim tão ruim quanto dizem, para George Feldenkreis, executivo-chefe da Perry Ellis International Inc. . Mas o pacote de estímulo não dará mais do que um empurrão temporário nos gastos, segundo ele. "Não acho que 600 ou 800 dólares farão grande diferença."

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