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''Pacote financeiro não é panacéia'', diz Paulson

Secretário do Tesouro dos EUA é criticado no Senado por não salvar mutuários e montadoras

Por Patrícia Campos Mello e WASHINGTON
Atualização:

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, disse ontem que o pacote econômico de US$ 700 bilhões não é um plano para estimular a economia e deve ser usado apenas para estabilizar o sistema financeiro. Em depoimento no Congresso, Paulson foi criticado por parlamentares, que defendem o uso de parte dos US$ 700 bilhões para reduzir as execuções de hipotecas, para estímulo fiscal e para resgatar montadoras. "O pacote não foi idealizado para ser plano de estímulo ou de recuperação econômica", disse Paulson. "Não é uma panacéia." O deputado Barney Frank, presidente do comitê de serviços financeiros, interrompeu Paulson várias vezes. "A lei não poderia ter sido mais clara, seu propósito não é apenas estabilizar bancos, mas também reduzir o número de execuções de hipoteca. Parte do dinheiro deve ser usado para evitar que mutuários percam suas casas." Paulson enfrenta oposição até no governo. A presidente do Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), Sheila Bair, voltou a dizer que parte do pacote deveria ser usada para evitar que mais mutuários percam suas casas. "Não podemos nos restringir a fornecer recursos ao mercado. Precisamos abordar a causa da crise, que são financiamentos imobiliários em atraso levando à execução de hipotecas." Sheila, que dirige a agência que garante as contas correntes de bancos, tem um plano inspirado no método de renegociação de hipotecas usado no banco Indy Mac, que sofreu intervenção da FDIC. Segundo ela, o plano custaria US$ 24,4 bilhões e reduziria em 1,5 milhão o total de execuções de hipotecas até 2009. Paulson se opõe ao plano de Sheila, porque acredita que ele pode incentivar bons pagadores a darem calote para reduzir pagamentos. O secretário do Tesouro afirmou aos parlamentares que o objetivo do pacote era estabilizar o sistema financeiro. O programa de US$ 700 bilhões era originalmente destinado a comprar ativos podres dos bancos, limpando seus balanços para que eles pudessem voltar a conceder empréstimos. Mas o Tesouro abandonou esse plano e resolveu se concentrar em comprar participação em bancos. Já foram usados cerca de US$ 290 bilhões dos US$ 350 bilhões já liberados pelo Congresso. Paulson disse que vai "reservar" o restante para o próximo governo.

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