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Pacote para agricultura atende metade do rombo, diz ministro

O principal ponto do pacote é a renegociação das dívidas de investimento e de custeio das lavouras

Por Agencia Estado
Atualização:

O pacote emergencial anunciado na semana passada pelo governo federal como forma de socorrer os agricultores cobre metade do rompo que os produtores tiveram nas últimas duas safras, avaliou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Seca, câmbio, aumento dos custos de produção e depreciação dos preços internacionais das principais commodities fizeram os produtores acumularem prejuízos de R$ 30 bilhões, mostra estimativa da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). O principal ponto do pacote é a renegociação das dívidas de investimento e de custeio das lavouras. "Somadas, essas duas dívidas chegam a R$ 17 bilhões, o que tapa metade do buraco da crise que atinge o setor", disse Rodrigues. O pacote prevê que R$ 7,2 bilhões em dívidas de investimento que venceram ou vencerão em 2006 sejam pagas 12 meses após o vencimento dos contratos, o que depende do período de contratação. Essa decisão precisa ser ratificada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve se reunir nos próximos dias. Outro benefício é a rolagem das dívidas de custeio, o que, segundo o ministro, "é menos fácil". Isso porque essa renegociação será feita pelos bancos após avaliação caso a caso e de acordo com a capacidade de pagamento dos produtores. Mesmo assim, Rodrigues estimou que 25% dos custeios serão prorrogados. No total, foram emprestados R$ 26 bilhões para custear as lavouras. De acordo com o ministro, o pacote "tira da frente" entre R$ 13 e R$ 14 bilhões em dívidas que não precisarão ser pagas este ano. "De qualquer forma a gente tira da frente neste ano dificílimo, em que a renda despencou, um valor muito alto", disse em entrevista após participar da abertura da II Conferência Internacional de Rastreabilidade e Produtos Agropecuários, em Brasília. Mesmo com eventuais problemas para que os produtores renegociem dívidas de custeio, ele avaliou como "muito útil e muito bem-vindo" o pacote, principalmente para os produtores de áreas tradicionais, como o Sul do País. "O pacote não é suficiente para os produtores das fronteiras agrícolas porque lá os problemas são mais candentes, maiores", comentou. Um dos entraves da agricultura nessas regiões é o escoamento da safra. Para atacar esse tipo de problema, um segundo pacote está sendo avaliado pelo governo. Esse pacote, disse Rodrigues, que trará medidas estruturais para o setor, será anunciado dentro de duas ou três semanas. "Faltam medidas estruturais. Outro pacote tratará de questões fiscais, tributárias de importações seguro rural e recursos para o crédito rural", afirmou. Mesmo com tantas medidas de ajuda ao setor, o ministro aproveitou discurso na conferência para fazer um desabafo e criticar indiretamente os ministérios da Fazenda e dos Transportes. "Não mando no câmbio, não mando nos juros, não mando nos recursos do crédito, não mando em logística ou em estradas, mas a crise senta no meu colo", disse.

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