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Pacto fiscal foi chave em discurso de Dilma, diz acadêmico espanhol

Reforço no aperto dos gastos públicos anunciado pela presidente foi elegiado pelo intelectual Jorge Fonseca Castro

Por Fernando Nakagawa e da Agência Estado
Atualização:

SANTANDER, ESPANHA - A proposta de um pacto pela preservação das contas fiscais no Brasil foi elogiada pelo professor de economia internacional da Universidade Complutense de Madri, Jorge Fonseca Castro, nesta terça-feira, 25.

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"A chave do anúncio de ontem (segunda-feira, 24) foi a questão fiscal", disse o especialista em América Latina num debate sobre a situação brasileira transmitido pela televisão espanhola. "Melhorar a situação fiscal das contas públicas permite responder à questão social pedida pela população",

"O grande problema econômico da América Latina é o déficit fiscal. Se corrigirmos esse tema, é possível melhorar a situação do restante da economia e da sociedade", diz o professor, ao defender que contas públicas mais fortes permitem ao Estado investir melhor e, assim, elevar a qualidade dos serviços públicos.

Castro diz que os protestos que explodiram nas últimas semanas no Brasil são diretamente relacionados a essa falta de fôlego do Estado em prover serviços públicos de qualidade. "As demandas são por serviços públicos minimamente razoáveis. Isso mostra que o Brasil é poderoso econômico, mas um anão social. O Índice de Desenvolvimento Humano da Espanha é o 23º do mundo. A Argentina está em 45º e a Venezuela, em 70º. O Brasil está em 85º", disse. "Essa combinação de pobreza com alta desigualdade gera grande desconformidade na sociedade, exatamente como estamos vendo", disse.

Questionado sobre a capacidade do governo brasileiro em realizar os investimentos sugeridos pela presidente Dilma Rousseff - como os R$ 50 bilhões em projetos de mobilidade urbana -, o professor da Universidade Complutense de Madri negou qualquer preocupação.

"O governo brasileiro tem dinheiro. O País tem reservas internacionais, uma das maiores do mundo, e uma situação que lhe permite revisar alguns gastos. O problema é que estamos falando de uma prioridade imediata. Por isso, não sei como isso se encaixaria na atual situação com investimentos para o mundial de futebol e as Olimpíadas", disse. "Mas é inegável que o Brasil tem uma elevada capacidade de atrair investimentos estrangeiros. Por isso, descarto eventual dificuldade", diz.

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