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Pães, massas e biscoitos vão subir até 15% no varejo

Indústria quer o fim da TEC sobre o trigo importado de fora do Mercosul

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara e Fabiola Salvador
Atualização:

O pãozinho francês deverá ficar 12% mais caro para o consumidor este mês e massas, bolachas e biscoitos terão um reajuste de 15% nos supermercados, segundo representantes da indústria de pães, massas e biscoitos. "Os aumentos são inevitáveis", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), Claudio Zanão. A nova rodada de aumentos desses alimentos, que já subiram cerca de 20% nos últimos 12 meses até março e têm um peso significativo nos índices de inflação, é reflexo da disparada dos preços do trigo e da farinha no mercado internacional. Em um ano, o trigo, cotado hoje a R$ 800 a tonelada, praticamente dobrou de preço, impulsionado pelo menor nível de estoques mundiais dos últimos tempos, observa o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Luiz Martins. Além disso, o principal fornecedor para os moinhos brasileiros, a Argentina, reteve as exportações do produto para conter a inflação local. "É a pior crise enfrentada pelo setor de massas, pães e biscoitos dos últimos 20 anos", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria, Alexandre Pereira Silva. O Brasil consome 10,5 milhões de toneladas de trigo por ano e importa 70%, a maior parte da Argentina. Para desatar o nó do abastecimento na cadeia do trigo, representantes dos moinhos (Abitrigo), da indústria de panificação (Abip), da indústria de massas (Abima) e da indústria de biscoitos (Anib) decidiram encaminhar um pleito ao governo. O setor reivindica o fim da Tarifa Externa Comum (TEC), hoje em 10%, sobre as importações do grão de países que estão fora do Mercosul. Martins, da Abitrigo, conta que, no início do ano, a entidade pediu isenção da TEC para 4 milhões de toneladas do grão, mas o governo autorizou a suspensão para 1 milhão de toneladas até junho. A Argentina, por sua vez, paralisou as exportações. "A incerteza é muito grande entre os moinhos", diz Martins. Ele admite que suspensão da TEC desestimula a produção nacional. Para atenuar a crise, o setor quer a suspensão temporária do recolhimento do Adicional de Frete para Recuperação da Marinha Mercante, que encarece em 25% os fretes. Também reivindica a desoneração temporária do ICMS sobre o trigo e derivados em Estados nos quais o produto é tributado. Outro pleito é a inclusão dos derivados de trigo no projeto de reforma tributária e a formulação de uma política de apoio à triticultura nacional para reduzir a dependência do trigo importado. MEDIDAS O governo pretende anunciar nos próximos dias medidas adicionais para estimular o plantio no País. A meta é elevar a produção de 3,8 milhões de toneladas, colhidas na safra passada, para 7,1 milhões de toneladas, até 2012. O volume representa 70% do atual consumo interno de 10,2 milhões de toneladas. Pelo menos duas medidas já foram confirmadas pelo governo. A primeira é o reajuste de 20% nos preços mínimos de trigo para a safra 2008/09, valor que serve de referência para os empréstimos bancários e para as políticas de apoio à comercialização do governo federal. Também foi ampliado de R$ 300 mil para R$ 400 mil o limite individual de crédito para os produtores.

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