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Pagamentos via celular devem ganhar fôlego em 2013

Empresas fazem parceria para desenvolver sistema de transferência de dinheiro e de pagamentos pelo telefone móvel

Por Nayara Fraga
Atualização:

Cerca de 47 milhões de brasileiros enfrentam diariamente alguma dificuldade para fazer transferência de dinheiro. São pessoas que não têm conta bancária e precisam se desdobrar para, por exemplo, sair do trabalho às pressas para entregar algum dinheiro ao filho que está no extremo oposto da cidade. Mas, e se essa transferência pudesse ser feita por meio de uma simples mensagem no celular? Os serviços de pagamento móvel - negócio chamado de mobile payment, em inglês - pretendem oferecer essa facilidade às pessoas, em especial as de classe C e D. Ainda pouco conhecidos dos brasileiros, eles já são uma realidade no sul da Ásia e na África, onde os usuários podem comprar passagens de ônibus em um celular simples, para garantir a viagem com antecedência. Não precisa ser iPhone ou qualquer outro smartphone caro.Aqui, as iniciativas nessa área são lideradas por operadoras, bancos e credenciadoras. Ontem, a Telefônica e a Mastercard anunciaram uma joint venture chamada Mobile Financial Services (MFS) para oferecer ao mercado um "produto de inclusão financeira". "É para facilitar a vida de quem, por algum motivo, não tem conta corrente", disse o presidente da MFS, Marcos Etchegoyen. "Nossa meta é atingir boa parte da população brasileira", afirmou Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica no Brasil. A maior vantagem do sistema, segundo Etchegoyen, é a sua simplicidade. Para começar a usar o produto (ainda sem nome), bastará a quem é cliente Vivo digitar um código no celular, fazer um cadastro e ir a uma loja parceira da operadora para fazer a carga do dinheiro. É como se o usuário estivesse abrindo uma conta bancária. Ele ainda tem direito a um cartão físico para compras e saques. Mas trata-se de uma conta pré-paga, semelhante ao procedimento usado hoje na carga de crédito no celular pré-pago. Com o cartão em mãos e o cadastro feito, a pessoa poderá transferir dinheiro para quem também se tornou cliente da MFS, fazer recargas de celular, comprar em locais que aceitem Mastercard e sacar dinheiro em terminais da rede Mastercard Cirrus. A MFS lançará esse sistema em abril de 2013, ano em que a empresa espera conquistar 200 mil clientes ativos e 500 mil transações por mês.A iniciativa da Telefônica e da Mastercard segue o caminho da Oi, primeira operadora a embarcar no negócio do pagamento móvel no País. Há quatro anos, a companhia criou uma empresa chamada Paggo, que acumulava as funções de avaliar crédito, conceder crédito e ser bandeira de cartão. Na época, quando Ronaldinho Gaúcho foi usado em propagandas para anunciar a possibilidade de usar o celular como carteira, o consumidor e o lojista trocavam mensagens por SMS em aparelhos Oi para fazer o pagamento.Mas a estrela do futebol não foi suficiente para o serviço engrenar. A companhia percebeu a necessidade de fazer parcerias. A associação com o Banco do Brasil garantiu a análise de crédito e a emissão do cartão de modo mais profissional e o pagamento na loja ficou por conta da Cielo. Hoje, 400 mil contas estão ativadas e ainda há a chance de aproveitar 8,5 milhões de clientes do cartão Ourocard que também estão na base da Oi. "A gente podia continuar sozinho e levar 15 anos ou fazer agora", diz o diretor de inovação e novos negócios da Oi, Pedro Ripper. Quem usa a tecnologia da Paggo hoje só precisa sair de casa com o celular Oi para fazer uma compra em lojas credenciadas pela Cielo.Segundo o especialista em telecom Guilherme Ieno, o ponto positivo do pagamento móvel é difundir os serviços financeiros para todas as classes. "Para os bancos, o interesse é permitir alcançar quem normalmente eles não alcançam hoje." Ieno questiona, no entanto, o modo como esses serviços serão difundidos, já que as parcerias parecem restringir a atuação do consumidor. "Como vai funcionar a interação entre esses sistemas? Os terminais que aceitam Oi vão aceitar Vivo?" A Claro anunciou recentemente joint venture com o Bradesco para criar também um cartão pré-pago vinculado a uma conta de celular e permitir transações por meio da tecnologia NFC, presente em celulares sofisticados.

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