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Pagar imposto de uma vez é melhor do que aplicar o dinheiro

Desconto para quem não parcela IPVA e IPTU supera com folga os ganhos em aplicações financeiras seguras 

Por Yolanda Fordelone e de Economia & Negócios
Atualização:

Pagar contas do começo de ano à vista nunca foi tão indicado como agora. Os descontos superam de longe o juro oferecido nos investimentos. Entre os tributos, o maior desconto em São Paulo é o do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), de 6%. Nos gastos com material escolar, em que o consumidor pode negociar preços, o abatimento pode chegar a 20%, dizem especialistas. Se deixasse o dinheiro guardado, raramente o consumidor obtém ganho acima disso, devido ao juro baixo.

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"Se a pessoa economizou e tem uma reserva, não dá mais para guardar o dinheiro agora no começo do ano para parcelar. Pegar os descontos oferecidos nos impostos é como emprestar dinheiro ao governo a 10%", diz o professor do Insper, Liao Yu Chieh, ao referir-se ao caso do Rio de Janeiro, em que o desconto no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é de 10%, segundo porcentuais da última cobrança, em janeiro (veja infográfico).

Segundo Liao, se o imposto fosse parcelado em três vezes, seria indicado aplicar o recurso em um produto que rendesse 1,7% no período, já líquido de Imposto de Renda, algo que ele acredita ser difícil entre aplicações como poupança e fundos de renda fixa. A caderneta, por exemplo, não tem alcançado 0,5% por mês.

Uma das recomendações é aproveitar a segunda parcela do 13º salário, a ser paga dia 20, para pagar as contas em janeiro. "No Natal, as pessoas se empolgam e já começam o ano endividadas. O indicado é primeiro reservar dinheiro para os compromissos e gastar com presentes o que sobrar", diz o especialista em educação financeira Janser Rojo, da QI Financeiro Consultoria.

O consultor de empresas na área industrial Ronaldo Lorente, de 55 anos, afirma que quase sempre paga as contas dessa época à vista. "Tenho um imóvel em que o IPTU é de pouco mais de R$ 200. Às vezes, é mais difícil se programar pra parcelar esse valor tão baixo do que pagá-lo à vista. Só deixo de pagar os impostos à vista se tenho alguma dificuldade financeira", diz. "Sempre comparo com o que meus investimentos estão rendendo, mas hoje em dia está muito difícil algo que compense os descontos".

Nas demais contas, como livros e material escolar, em que o desconto depende da negociação do cliente, o primeiro passo é pesquisar preços. "Não adianta conseguir bom desconto se a loja é uma das mais caras do mercado. O segredo é pesquisar e selecionar as três mais baratas. Um lugar não vai dar desconto nenhum, outro vai dar 5% e um terceiro, 20%", diz o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.

Planejando

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Neste ano, 12% dos trabalhadores pretendem poupar o 13º salário para o começo de ano, segundo pesquisa da Anefac. "O porcentual tem se mantido em 12% há três anos. Antes a preocupação por parte do consumidor era menor", lembra Oliveira. "Há uma conscientização maior do uso do 13º. Agora o que as pessoas devem aprender é que o planejamento deve ocorrer ao longo de todo o ano e não somente em dezembro".

É o que faz Lorente, que neste ano já economizou parte da quantia a ser gasta em janeiro e pretende usar o 13º para completar o montante total. A virada do ano, época em que as pessoas fazem diversas promessas de mudança, também pode servir para o aprendizado financeiro. "Seria interessante fazer um caderno com as lições aprendidas em 2012 para corrigir erros e melhorar os acertos", aconselha Liao.

Existem três situações principais em que a compra à vista não é indicada. A primeira é quando a pessoa tem dívidas atrasadas ou a serem cobradas nos próximos meses. Os compromissos mais caros, como cartão de crédito e cheque especial devem ser liquidados em primeiro lugar. Além disso, não vale a pena pagar à vista e ficar sem nenhuma sobra na poupança, pois emergências podem ocorrer.

"O pagamento à vista também não é indicado se a loja é resistente e diz que, por parcelar sem juros, não oferece descontos. Se o consumidor investir o dinheiro que pagaria as contas e ir tirando aos poucos, no fim do pagamento das parcelas ainda haverá uma sobra por conta dos rendimentos. É como se o próprio consumidor estivesse se dando um desconto", explica Janser.

 

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