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País é responsável por baixo retorno a acionistas

Diretor do Bradesco acredita que regulamentação brasileira é responsável pelo baixo retorno acionistas via dividendos. Para ele, novas medidas, como o Novo Mercado da Bovespa, são muito importantes.

Por Agencia Estado
Atualização:

Na opinião do diretor de investimentos da Bradesco, Templeton Asset Management (BTAM), Mauro Cunha, a fragilidade do ambiente regulatório brasileiro é um dos responsáveis pelo baixo retorno dos acionistas via pagamento de dividendos. Segundo ele, estudos mostram que o pagamento médio no País é de cerca de 30%, patamar considerado baixo, principalmente levando-se em conta a obrigatoriedade legal das companhias abertas distribuídas no mínimo 25% do lucro em dividendos. "No Brasil existe o maior incentivo fiscal do mundo para que as companhias paguem dividendos. Ainda sim, o pagamento é baixo, pois não há um ambiente regulatório adequado", afirmou. De acordo com o especialista, estudos comprovaram que o pagamento nos diversos países é proporcional ao grau de proteção do investidor. Para ele, o que tem acontecido no Brasil é que o lucro retido pela empresa tem sido apropriado pelo controlador, sobretudo quando ocorre a venda da companhia. Ele observou ainda que não existe no País instrumentos de pressão dos acionistas contra o cenário de pagamento deprimido. Para mudar a conjuntura, o diretor citou uma série de pontos, alguns dos quais já estão sendo verificados no mercado. Um deles é a reforma na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que vem acontecendo com o fortalecimento da autarquia. Outro ponto é a reforma no sistema judiciário do País. "Isso vem caminhando muito devagar, razão pela qual iniciativas como a Câmara de Arbitragem da Bovespa são tão importantes", disse. Cunha citou também a necessidade de mudança na dinâmica dos investidores, sobretudo os institucionais. Ele observou que a alocação de recursos dos fundos de pensão em renda variável tem sido estável nos últimos anos mesmo em cenários de queda na taxa real de juros, situação que normalmente levaria as fundações a buscarem retornos mais atrativos, via Bolsa. "Atualmente os fundos de pensão estão mais cautelosos e buscam garantias nos estatutos das companhias." Segundo Cunha, a fatia do mercado é evidente, principalmente considerando que, desde 1995, apenas seis companhias realizaram uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), levantando pouco mais de R$ 1,1 bilhão. Apesar do ambiente negativo, o diretor acredita que os investidores aprenderam a se defender e que existe demanda reprimida por ativos de qualidade. Para tanto, ele defendeu a adoção de práticas de governança corporativa e elogiou iniciativas como Novo Mercado da Bovespa - no qual se exige das empresas padrões elevados de proteção ao minoritário. De maneira geral, Cunha afirmou que o alinhamento de interesses entre os acionistas e os executivos das companhias é a melhor forma de preservar o valor do investimento.

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