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País está em recessão técnica, diz Miguel Jorge

Ministro diz, porém, que economia está reagindo e defende corte de imposto para bens de capital

Por Isabel Sobral e BRASÍLIA
Atualização:

O Brasil está em recessão técnica, reconheceu ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, na Câmara dos Deputados. É a primeira vez que uma autoridade do governo fala em público sobre algo que só era tratado reservadamente: o País terá dois trimestres consecutivos de queda do Produto Interno Bruto (PIB), o que configura a recessão técnica. Embora o dado oficial sobre o desempenho da economia nos três primeiros meses deste ano só deva sair em junho, o ministro reconheceu ontem que é possível esperar um desempenho negativo após as quedas da produção industrial nos dois últimos trimestres. "Todo o livro de economia diz que dois trimestres negativos é uma recessão técnica. Então, temos uma recessão técnica, não temos como fugir disso", disse Jorge. Questionado sobre o tema, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, esquivou-se. "Vamos esperar. O importante é olharmos o que está acontecendo neste momento e o que vai acontecer nos próximos meses." A equipe econômica reúne dados sobre a retomada da economia a partir do segundo trimestre para amenizar o impacto negativo da recessão técnica. Mas não há dúvida entre os técnicos de que ela virá. Na edição de domingo, o Estado revelou que os modelos de previsão do PIB utilizados pela equipe econômica indicam que o País entrou em recessão no primeiro trimestre e o tombo da economia foi bem maior do que se esperava, entre 2% e 3%, com maior probabilidade de ficar perto dos 3%. Essas estimativas estão baseadas no comportamento da arrecadação e no desempenho do setor industrial, que recuou 7,9% no primeiro trimestre do ano ante o último trimestre do ano passado. Miguel Jorge, após participar de audiência na Câmara, reconheceu o impacto da queda seguida da produção industrial, mas tentou demonstrar otimismo. "Mesmo que estejamos em recessão técnica, se compararmos os dados deste trimestre com os do anterior, o resultado foi positivo. Mas claro que não é bom termos queda na produção industrial." Segundo o ministro, a melhora de alguns indicadores nos últimos meses aponta para uma recuperação mais forte no segundo semestre. Sem citar números, ele disse que em abril o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) deverá voltar a ter saldo positivo. "O que indica estabilidade." O resultado do Caged de abril deve ser divulgado na semana que vem. Miguel Jorge afirmou ainda que o pior da crise financeira já passou para "alguns setores" e, por isso, defendeu nova rodada de desonerações de impostos, dessa vez para bens de capital (máquinas e equipamentos) e redução de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos estrangeiros no setor produtivo. Segundo ele, foi rápida a resposta da sociedade às reduções de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, materiais de construção e eletrodomésticos da chamada linha branca. COLABORARAM RENATA VERÍSSIMO E LU AIKO OTTA

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