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País fechou 101 mil vagas em janeiro

Caged aponta primeiro resultado negativo em janeiro em dez anos; desde novembro, foram 797 mil demissões

Por Gerusa Marques e BRASÍLIA
Atualização:

Depois do recorde de demissões em dezembro, quando foram fechadas 654 mil vagas com carteira assinada, o mercado de trabalho formal continuou com desempenho negativo em janeiro, com uma perda de 101.748 postos de trabalho. Os dados, divulgados ontem, são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Desde novembro, quando o índice do Caged passou a ser negativo, já foram fechados 797.515 vagas no País. O resultado é mais grave quando se considera que janeiro é tradicionalmente um mês em que há mais contratações do que demissões. Foi o primeiro resultado negativo para um mês de janeiro desde 1999, quando foram fechadas 41mil vagas. A indústria da transformação - incluindo metalurgia, material de transportes e produtos alimentícios - e o comércio foram os setores que mais contribuíram para a queda no emprego. Com a perda de janeiro, o número de postos formais de trabalho no Brasil caiu 0,32% em relação ao estoque existente em dezembro. No total, o Brasil dispõe de 31,9 milhões de postos de trabalho com carteira assinada. O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, reconheceu que o resultado de janeiro "não foi bom para o País", mas preferiu observar que o desempenho foi bem menos desfavorável do que o de dezembro. "O saldo do Caged é negativo, mas não caminha para a catástrofe anunciada", disse o ministro. O maior número de demissões no mês passado foi registrado nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que juntos foram responsáveis por 80% do total de vagas fechadas. Somente em São Paulo, foram fechados 38.676 postos de trabalho, o que colocou a região Sudeste no topo do ranking das que mais reduziram vagas, seguida das regiões Nordeste e Norte. Já as regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram resultado positivo. No total, oito Estados brasileiros contrataram mais do que demitiram. Na distribuição por setores, a construção civil, com geração de 11. 324 empregos, e o de serviços, com 2.452 novas vagas, foram os que tiveram o melhor desempenho. O mês de fevereiro, na opinião de Carlos Lupi, ainda será fraco em termos de emprego, mas, em março, haverá uma retomada. "O pior da crise já passou", disse. Ele previu que a retomada será puxada pelo setor de construção civil e manteve a previsão para 2009 de geração de 1,5 milhão de empregos no País. Na avaliação do ministro, a demanda interna continua aquecida em função de várias medidas adotadas pelo governo, inclusive o aumento real do salário mínimo, que passou de R$ 415,00 para R$ 465,00. Lupi observou ainda que o mês passado foi o que apresentou o segundo maior índice de contratação, com 1.216.550 empregados admitidos - volume que só perde para janeiro de 2008, quando foram admitidos 1.308.922 empregados. "Este resultado de 102 mil negativos não é bom para o País, mas há uma demonstração inequívoca de melhora. Nenhum país do mundo está tendo o nível de contratação do Brasil", afirmou Lupi, lembrando que em dezembro de 2008 foram contratados 887.229 empregados. "Isso mostra uma reação na cadeia de contratação", afirmou. Lupi avaliou que, se a crise estivesse se agravando, haveria aumento no número de demissões e diminuição das contratações.

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