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País mudou de patamar com ajustes na economia, diz Palocci

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse hoje que o País mudou de patamar depois dos últimos ajustes na economia. "Se nós pensarmos que saímos de um risco de 2.400 pontos e que estamos em torno de 500; se pensarmos que estávamos com uma inflação em grande ascensão e ela foi controlada no ano passado; se pensarmos que saímos de um ano de ajuste para um ano como este de 2004 que o Brasil pode e vai crescer, então nós mudamos de patamar", afirmou o ministro, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo. A questão agora, segundo ele, é saber quais os pontos fundamentais para garantir que a economia se aproveite de todos os ganhos obtidos e ganhe força para o crescimento. "Muitas vezes a gente analisa medidas eventuais, de curto prazo, sem ver que a política monetária teve uma grande modificação nos últimos seis meses e isso nem chegou a ter todos os seus efeitos. Além disso é preciso que o Brasil aumente o chamado PIB potencial, ou seja, a capacidade de o Brasil produzir, de ganhar mais produtividade e de receber investimentos?. De acordo com o ministro, isso é fundamental não só para que se possa garantir o crescimento de 2004, mas também para que haja uma estruturação para o crescimento nos próximos anos. Palocci disse que seria injustiça afirmar que duas ou três declarações do ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, contrária à autonomia do Banco Central e sobre os juros no País possam afetar a economia, afugentando investidores. "O José Dirceu foi de uma contribuição extraordinária para o equilíbrio econômico quando liderou junto conosco a aprovação das reformas no Congresso Nacional. Eu estive em Genebra com o presidente e verifiquei que o investidor estrangeiro quer estar presente no Brasil, explicou. Ele afirmou que se o Brasil tomar as medidas, este ano, no campo do crédito, do marco regulatório, da parceria público privada - e se toda essa agenda for desenvolvida com serenidade, ?não há porque o País não receber muitos investimentos", disse o ministro. Setor energético O ministro da Fazenda discorda da avaliação de que o marco regulatório do setor elétrico tenha provocado desconfiança nos investidores do setor. Para o ministro, a medida provisória sobre o tema foi um avanço. Ele defende, no entanto, um conjunto de medidas para um marco regulatório consistente, de longo prazo. "Esse não é um problema que só o Brasil enfrentou. Todos os países do mundo, de economia avançada, tiveram graves problemas regulatórios no setor energético", disse o ministro. "O Brasil está fazendo a lição de casa. É um debate difícil que envolve investimento público, privado, nacional e estrangeiro, que envolve o interesse do consumidor e do produtor de energia. É preciso colocar tudo isso numa equação bastante complexa", afirmou Palocci. O ministro disse estar seguro de que o trabalho conjunto da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, e do Congresso Nacional de aperfeiçoamento do marco regulatório dará ao Brasil segurança para o investidor e para o consumidor. Mudanças na economia Antonio Palocci negou que o governo esteja rediscutindo a política econômica. "Seria um contrasenso, depois de o governo fazer todo um ajuste, a um custo difícil para o País, e depois de fazer com que os indicadores tenham melhorado e aberto a possibilidade de crescimento, nós falássemos agora em mudar a política econômica. Seria colocar o País sem rumo", disse o ministro. Para ele as opiniões diferentes dentro do governo sobre a política econômica têm de ser vistas com tranquilidade. "É natural que o governo e que o País discutam soluções das mais diferentes sobre o marco regulatório, dos investimentos sobre infra-estrutura. Nós devemos ver isso com tranquilidade. O governo é livre em termos das suas idéias, mas ele tem uma agenda muito clara?. Palocci lembrou que o País teve uma agenda clara no ano passado em relação a macroeconomia e as reformas, ?cumpriu integralmente a agenda e construiu agora uma nova agenda para este ano. Eu não vejo com preocupação que haja debate em torno dessa agenda. Política não é uma coisa pasteurizada, que ninguém pode divergir. Política é uma coisa dinâmica. E o governo também é uma coisa dinâmica. Isso tem que ser visto como a riqueza de um pensamento que está construindo um país melhor", afirmou. O ministro diz não ver sinais de distenção no governo, ou qualquer contraposição em relação ao rumo da política econômica e da política social estabelecida. ?Há um debate no País, nós devemos ter tranquilidade para fazer o debate mas fundamentalmente segurança de que o Brasil está no caminho certo. O Brasil quer ser um país arrumado no longo prazo. O Brasil não quer crescer só em 2004. Quer crescer em 2005, 2006 e 2010", acrescentou. "No começo do ano passado, quando vinham os investidores conhecer o novo governo, eu dizia que o governo vai apresentar suas prpostas e cumprir seus compromissos. Agora, espere um pouco de emoção no debate porque é um novo desafio para o País". Benefícios especiais O ministro da Fazenda disse que não há interesse do governo em promover benefícios especiais para alguns setores da economia com o objetivo de assegurar o crescimento. "Não é essa a inclinação do governo", disse o ministro, lembrando que essa foi uma política adotada no passado. "Hoje nós temos de ter uma política industrial que incentive todo o parque industrial brasileiro a ser competitivo, ganhar produtividade, competitividade internacional", disse o ministro. "Quando nós escolhemos alguns setores para incentivar não é para dar incentivos especiais em relação ao restante da economia. Nós escolhemos setores que tenham efeitos horizontais em toda a economia", disse o ministro, citando como exemplo os setores de semicondutores, software e de bens de capital. Contratações Antônio Palocci disse que a política do governo de contratar novos servidores não contraria a política de ajuste de contas e de controle de gastos. Palocci lembrou que no ano passado, o governo fez o primeiro ajuste sem cobrar novos impostos da sociedade. "Nos últimos 10 anos o Brasil tinha problemas, aumentava impostos. Em 10 anos tivemos um crescimento de 10% do PIB na nossa carga tributária. Nós fazemos o ajustamento de contas cortando nossos gastos e não transferindo para a sociedade o peso desse ajuste", disse o ministro. Ele lembrou que só no primeiro ano de ajustes do governo Lula houve uma redução aproximada de 0,5% na carga tributária. "O governo tem de melhorar a sua eficiência, o seu gasto público, reduzir as atividades que dão muito gasto e pouca eficácia na ação junto às pessoas. Quando se fala em contratação tem de se ver a contratação ao longo dos próximos anos. Ela tem de ser feita para garantir mais eficiência da máquina administrativa e não para inchar o governo", disse.

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