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País perde mais US$ 3 bi no 4º mês de fuga de dólar

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

O Brasil continua a perder dólares. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que empresas e investidores seguem enviando recursos aos países de origem do dinheiro. Em janeiro, a saída somou US$ 3,018 bilhões. Foi o quarto mês consecutivo em que o fluxo cambial apresentou fuga de dólares - período que coincide com o agravamento da crise. Apesar de negativo, o resultado do mês correspondeu à metade do verificado em dezembro de 2008, quando mais de US$ 6 bilhões deixaram o Brasil. Em janeiro, a saída foi mais uma vez liderada pela chamada conta financeira, que registra as operações de investidores estrangeiros e multinacionais instaladas no Brasil. Nesse segmento, saíram US$ 3,55 bilhões no mês em operações como a venda de ações e títulos públicos ou a remessa de lucros de companhias estrangeiras. Janeiro foi o décimo mês seguido em que a conta financeira apresentou resultado negativo. A saída de dólares se acentuou em setembro, desde a derrocada do banco Lehman Brothers nos EUA e o consequente agravamento da crise. Nos dez meses, a fuga no segmento financeiro somou US$ 47,8 bilhões. O resultado só não foi pior porque as operações cambiais relacionadas ao comércio exterior tiveram saldo líquido positivo. Em janeiro, essas transações foram responsáveis pelo ingresso de US$ 532 milhões, o que acabou compensando, em parte, a fuga dos investidores. O impacto da crise, no entanto, fica evidente quando se compara com o resultado do fluxo comercial do ano passado. O resultado de janeiro de 2009 é de cerca de 25% do resultado de igual mês de 2008. O BC também informou ontem que os bancos reduziram a posição "comprada" no mercado de câmbio. Essa posição - que corresponde ao estoque de dólares das instituições financeiras - caiu de US$ 1,013 bilhão em dezembro de 2008 para US$ 701 milhões em janeiro. O mês passado foi o 18º consecutivo em que bancos mantiveram posição "comprada" no câmbio. O valor de janeiro é, no entanto, o mais baixo no período - o auge foi superior a US$ 12 bilhões. No jargão financeiro, "estar comprado" representa a crença de que as cotações da moeda americana podem subir no futuro.

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