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País pode ter onda de rebaixamentos em 2016

Das empresas brasileiras avaliadas pela Fitch, 53% têm perspectiva negativa, ou seja, o rating tem mais chances de ser rebaixado do que mantido ou elevado

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:
Paraa Fitch,para cada empresa com nota elevada devehaver dez rebaixamentos Foto: Brendan McDermid/Reuters

NOVA YORK - As empresas brasileiras passam por uma “tempestade perfeita” e uma onda de novos rebaixamentos de ratings corporativos pode ocorrer ainda em 2016, disse o diretor da Fitch Ratings, Mauro Storino, em evento realizado nesta terça-feira em Nova York.

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Das empresas brasileiras avaliadas pela Fitch, 53% têm perspectiva negativa, ou seja, o rating tem mais chances de ser rebaixado do que mantido ou elevado. Storino conta que, em 2014, para cada empresa com nota elevada, houve 2,8 rebaixamentos. Essa proporção subiu para 4,4 em 2015. Para 2016, a expectativa da Fitch é que chegue em dez vezes.

Storino traçou um cenário pessimista para as companhias brasileiras durante o evento, ao destacar que as companhias devem ter bastante dificuldade para conseguir emitir bônus no exterior e até mesmo captar no mercado doméstico. A solução seria recorrer aos bancos para pedir empréstimos, mas as instituições financeiras estão retraídas por causa da recessão no Brasil e o temor de alta da inadimplência.

“Os ratings das empresas brasileiras vão continuar refletindo baixos volumes de vendas e vão seguir tendo impacto dos baixos preços das commodities”, disse o analista da Fitch. As empresas brasileiras terão a estrutura de custos pressionadas pela inflação alta e os juros elevados vão pressionar os fluxos de caixa.

Nesse cenário, cresce a preocupação com a liquidez das companhias, segundo Storino. “Não vemos as companhias sendo capazes de acessar o mercado externo”, afirmou. Mesmo no mercado doméstico, ele não vê apetite neste momento por papéis corporativos de maior risco.

A solução para muitas empresas pode ser a venda de ativos, movimento que vem se intensificando nos últimos meses. Mas até mesmo para essa opção Storino mostra cautela. “Não vemos muito espaço para isso”, disse ele.

A economia brasileira e a incerteza política oferecem desafios consideráveis e, mesmo com as companhias mais baratas para os estrangeiros, por causa da valorização do dólar, o apetite por aquisições pode ser limitado.

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