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Repórter especial de economia em Brasília

País tem ''''bala na agulha'''', diz Mantega

Ministro ressalta que não há bancos no Brasil envolvidos com problema do setor imobiliário como nos EUA

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a turbulência que afeta os mercados financeiros internacionais não deve afetar os bancos brasileiros nem provocar redução da oferta de crédito no Brasil. Segundo ele, o grosso do crédito que irriga a economia brasileira - ''''quase 100%'''' - é gerado dentro do País. "Portanto, nós estamos muito tranqüilos. Essa turbulência não vai afetar o nível de atividade no Brasil", disse o ministro, reafirmando sua expectativa de que a economia deve crescer entre 4,5% e 5% neste ano. Mantega disse ainda que o Brasil tem "bala na agulha" para enfrentar a crise e um sistema financeiro sólido. Segundo o ministro, não há bancos no Brasil envolvidos com o problema que surgiu com a crise do setor imobiliário nos Estados Unidos. "Os bancos brasileiros estão sólidos. Eles não estão com o crédito subprime, que é o crédito imobiliário norte-americano de segunda linha (origem da crise). Pelo contrário, os bancos brasileiros estão apresentando margem e lucros elevados e têm outras alternativas de aplicação", afirmou. Na contramão do nervosismo que tomou conta dos mercados em todo o mundo, ele disse que a economia brasileira poderá até se beneficiar das turbulências e chegar mais rapidamente ao grau de investimento que é concedido pelas agências internacionais de avaliação de risco. O ministro disse que não aposta nas turbulências para melhorar o câmbio no Brasil, mas fez questão de ressaltar que, com a elevação recente do dólar, os setores econômicos que estavam reclamando da excessiva valorização do real devem ter se acalmado. Mantega passou o dia de ontem dando entrevistas sobre o agravamento da volatilidade. Falou duas vezes na portaria do Ministério da Fazenda e deu entrevistas individuais no seu gabinete. Repetiu em todas elas o mesmo discurso. Ele avaliou que, apesar da continuação das turbulências, por enquanto, não se pode falar em crise na economia mundial. "Ainda acho que se trata de uma turbulência e redução da alavancagem, que estava muito elevada nos mercados internacionais", afirmou o ministro. "Eu acredito que essa turbulência não deve durar, mas, se durar, nós temos muita bala na agulha para enfrentar a crise e, passada esta turbulência, o Brasil continuará sendo um dos endereços prediletos (dos capitais)." Segundo ele, essas turbulências só vão se tornar uma crise no momento que afetarem a economia real. "Enquanto ficar na esfera financeira, não podemos falar em crise", afirmou o ministro, ressaltando que as empresas na Europa e nos Estados Unidos têm apresentado crescimento robusto. Ele admitiu, no entanto, que a instabilidade pode afetar o mercado brasileiro de renda variável e reduzir o fluxo de capitais. Mas, para o ministro, isso não será problema. "Nós estamos com o fluxo de capitais favoráveis ao Brasil. Se diminuir um pouco o fluxo de capitais, se sair um pouco, não altera nada."

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