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Países da Ásia entram na rota dos CEOs

Executivos de grandes empresas visitam cada vez mais a região, que já responde por boa parte do lucro das companhias

Por Bettina Wassener
Atualização:

Muitas empresas ocidentais têm operado fábricas com operários na Ásia há muito tempo. Mas agora, como a região cresce em importância, os mais altos executivos de algumas dessas empresas têm passado aqui mais tempo do que nunca.O CEO da gigante alemã Henkel, Kasper Rorsted, acaba de passar quase seis semanas trabalhando na Ásia, um período fora da sede anormalmente longo para um executivo. "Dessa forma é possível ter uma boa ideia do que está ocorrendo na região", diz Rorsted. Sua viagem englobou nove países e envolveu cerca de 100 reuniões. A visita dele é um reflexo do papel crítico que a Ásia desempenha atualmente para muitos países ocidentais. A Henkel obtém 14% das suas vendas e 20% dos seus lucros na região da costa asiática do Pacífico. Cerca de 18% de seus 48.133 funcionários estão na região, e Rorsted espera que um terço deles esteja localizado lá em poucos anos.Enquanto outras partes do mundo lutam para recuperar o impulso depois da turbulência dos últimos anos, a maior parte da região da costa asiática do Pacífico - excluído o Japão - desfruta de rápida expansão econômica. As populações de países asiáticos em desenvolvimento estão crescendo e se tornando mais ricas e mais instruídas.Como resultado, a região tem se tornado não só um destino importante para os produtos fabricados no Ocidente, como também uma fonte cada vez mais expressiva de desenvolvimento de produtos e de parcerias locais de negócios.Na Cisco Systems, maior fabricantes de equipamentos de comunicação de dados do mundo, o que começou como um centro de pesquisa e desenvolvimento na cidade indiana de Bangalore tem agora o status de segunda sede. Desde 2007, muitos gerentes do alto escalão da empresa foram transferidos de San Jose, na Califórnia, para Bangalore, enquanto a Cisco buscava se posicionar melhor para se valer das imensas mudanças que ocorrem nos países emergentes da Ásia. A companhia não divulga a distribuição de seu lucro por região. Também em 2007, a empresa holandesa de software Irdeto dividiu sua sede entre Amsterdã e Pequim. O diretor executivo Graham Kill se mudou para a China, e as funções de desenvolvimento e a área administrativa da empresa estão agora em ambas as cidades.Tendência. A tendência de altos executivos gastando mais horas na Ásia ainda está em seus estágios iniciais. Mas essas medidas vão muito além do outsourcing, e seu objetivo é muito mais do que reforçar os escalões inferiores da força de trabalho de uma empresa com contratações em Hong Kong, Cingapura e Xangai."Não se trata de custos e mão de obra barata. A questão é como podemos ter acesso a talentos, ao crescimento e à inovação, e como podemos ter acesso a novos parceiros", diz Wim Elfrink, diretor executivo de globalização da Cisco.As empresas também estão realizando reuniões com frequência crescente na Ásia. Este mês, o banco suíço Julius Baer realizou uma reunião do conselho em Cingapura pela primeira vez. Um dos membros do conselho executivo do Julius Baer mudou-se para Cingapura no ano passado, e seu diretor executivo planeja passar um mês por ano na cidade a partir de 2011, além de fazer visitas frequentes e mais curtas. Os resultados já têm sido colhidos pelas empresas. Segundo Kill, a estrutura de sede dupla da Irdeto melhorou significativamente a produtividade e a comunicação interna e tem sido fundamental na obtenção de contratos e no aumento da fidelidade do cliente. "Quando eu estava na Califórnia, temas relacionados à Ásia estavam na posição oito ou nove na minha lista de prioridades. Agora, eles estão no topo da minha lista, e posso ajudar a colocá-los até a lista de prioridades da empresa", diz Elfrink, da Cisco. "Acho que estamos vendo o começo de uma fase completamente nova da globalização." Para Elfrink, depois de mudanças no comércio, na fabricação e na pesquisa e desenvolvimento, a próxima fase da globalização será a descentralização das funções da sede.Rorsted, da Henkel, que planeja passar várias semanas na Ásia no ano que vem, reconhece que as videoconferências e os telefonemas podem ajudar muito. "Mas é impossível usar a tecnologia para substituir a presença e o contato pessoal", acredita. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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