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Países emergentes buscam consenso agrícola na OMC

Reunião convocada pelo Brasil para 15 de novembro é mais uma tentativa de pressionar os países ricos

Por Jamil Chade
Atualização:

O Brasil convocou uma reunião ministerial dos países emergentes para tentar pressionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) a considerar a posição desses governos na liberalização dos mercados agrícolas. Alguns países, como os latino-americanos, põem em dúvida a capacidade do evento - que deverá ocorrer no dia 15 de novembro em Genebra - em produzir resultados. Em meados de novembro, a OMC deverá publicar seu último rascunho do que deve ser um acordo de liberalização. Pela atual versão, o corte de subsídios nos Estados Unidos ficaria acima do que pedem os países emergentes. Além disso, as cotas dadas pelos europeus em produtos agrícolas não seriam suficientes para atender aos interesses dos exportadores dos países emergentes. O que o Brasil teme é que o novo rascunho seja mais favorável aos interesses dos países ricos, o que poria um ponto final e talvez definitivo na Rodada Doha. Por isso, a idéia é de que a reunião ministerial ocorra para mostrar a pressão política dos países emergentes. Já na semana que vem, o chanceler Celso Amorim se reunirá com embaixadores do G-20 (grupo dos países emergentes) em Genebra, na quarta-feira. A reunião está sendo vista como uma preparação para o evento,que ocorrerá 15 dias depois. O Itamaraty, porém, pretende ter a representação de pelo menos 90 países em desenvolvimento para mostrar que o grupo não aceitará uma Rodada Doha que acabe provocando prejuízos para as economias emergentes. Diplomatas da União Européia (UE) questionam a iniciativa. Para Bruxelas, não será exigida a abertura de muitos dos países que o Brasil tenta convencer a apoiar a iniciativa. Na avaliação dos europeus, os enfrentamentos nas negociações ocorrem apenas entre cerca de 30 países emergentes e as economias ricas. As demais seriam apenas beneficiárias. Mas no grupo de países emergentes as divergências também existem, principalmente nos debates sobre a abertura do setor industrial. Países que fazem parte do G-20, como o México, alertam que não vão aceitar que Amorim tente vincular a posição do grupo a uma postura também no setor industrial. México, Chile, Costa Rica e Peru vêm adotando uma atitude mais flexível em relação à abertura dos mercados para bens industriais. Já Argentina, África do Sul, Brasil e Venezuela resistem.

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