Brasil e outros emergentes se opuseram ontem à adoção de novas taxas sobre os bancos, durante reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do Grupo dos 20 (G-20), formado pelas maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento. O encontro durou oito horas e terminou sem acordo sobre os novos tributos propostos em estudo preparado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) por solicitação dos chefes de governo do próprio G-20. A taxação é apoiada pelos governos que puseram dinheiro nos bancos durante a crise, explicou numa entrevista o ministro canadense, James Flaherty. O ministro brasileiro Guido Mantega havia antecipado sua posição na quarta-feira. Segundo ele, os bancos brasileiros não participaram da bolha de crédito, não foram ajudados pelo Tesouro e já são sujeitos a exigências maiores que as suportadas por instituições dos países desenvolvidos. A obrigatoriedade do crédito agrícola, segundo ele, equivale a um imposto. A taxação sugerida no trabalho do FMI se refere ao custo de futuras operações de socorro, não à ajuda prestada na crise da bolha imobiliária. Mas os ministros do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), segundo Mantega, levaram em conta a atuação dos bancos na crise dos últimos anos. Os ministros pediram ao Fundo um novo relatório sobre como o setor financeiro poderá fazer "uma contribuição justa e substancial" para compensar os custos da ajuda oficial aos bancos. Pediram também mais estudos sobre como evitar riscos excessivos. O G-20 reafirmou o apoio aos aspectos mais gerais da reforma bancária, como a elevação da exigência de capital, o controle mais efetivo do risco e a promoção de maior transparência nas operações. A questão do câmbio chinês, uma mais quentes, foi evitada. "Não discutimos especificamente o yuan nem o euro", disse o ministro coreano, Jeung Hyun Yoon, presidente da reunião. O problema cambial, segundo elA reforma do sistema de cotas do FMI foi um dos temas do encontro. A nova distribuição de cotas e de poder de voto, com transferência de 5% dos direitos para os países em desenvolvimento, deverá, pelo cronograma atual, estar pronta para implementação em janeiro.