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Países já gastaram US$ 2,3 tri em planos de estímulo à economia

Valor não inclui o dinheiro usado pelos governos para salvar bancos, cujo montante chega a US$ 7 trilhões

Por Jamil Chade
Atualização:

Da Ásia à América, passando pela Europa, pelo Oriente Médio e até pela Oceania, nos últimos dois meses governos de todo o planeta injetaram recursos sem precedentes para relançar a economia mundial e evitar a primeira depressão do século 21. Foram US$ 2,3 trilhões em incentivos para que as empresas continuem investindo e criando empregos para tentar garantir que a economia continue funcionando. O cálculo não inclui os quase US$ 7 trilhões usados para salvar bancos nem os empréstimos de bancos centrais para garantir o funcionamento dos mercados. Juntos, os pacotes para as instituições financeiras e os planos de relançamento da economia atingem perto de US$ 10 trilhões. Há, ainda, o pacote de US$ 700 bilhões que o presidente eleito dos EUA, Barak Obama, deve anunciar em janeiro. O valor, considerado sem precedentes, demonstra a virada na avaliação dos governos do papel do estado na economia. "Dogmas não podem ser barreiras neste momento", disse, no início da semana, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Austrália, Israel, Japão, Alemanha e Itália foram alguns dos países que adotaram medidas para salvar a economia. Mas o anúncio de pacotes também foi necessário nos países emergentes. A China havia anunciado até esta semana o maior pacote de todos, com mais de US$ 570 bilhões. Ontem, o governo americano superou Pequim ao anunciar com o anúncio do pacote de US$ 800 bilhões para alimentar o crédito ao consumidor e salvar os endividados com hipotecas. Pequenas economias, como a Hungria, também se viram em meio a um turbulência e precisaram de ajuda. "O poder público está redefinindo seu papel na sociedade", afirmou, ontem, o economista-chefe do Banco UBP, Patrice Gautry. Europa e Japão já estão em recessão e, ontem, dados da economia americana apontam também para retração. O comércio mundial terá a terceira contração em mais de três décadas. No total, as Nações Unidas (ONU) estima que os desempregados no mundo passarão da marca dos 200 milhões pela primeira vez no fim de 2009. Os gastos para salvar a economia e os empregos são uma pequena parte do que os países ricos já usaram para evitar a quebra dos bancos. Desde abril, foi gasto o equivalente a mais de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Segundo dados do Banco da Inglaterra (BC), US$ 6,8 trilhões foram injetados no sistema financeiro pelos governos desde abril e postos à disposição dos bancos para que os empréstimos fossem mantidos. Em termos de perdas de valor das ações nos mercados, a queda chega a US$ 27 trilhões desde o início do ano. Como comparação, o ONU informou esta semana que pediu US$ 7 bilhões para salvar 33 milhões de pessoas da fome em países como Congo, Iraque e Palestina. "Estamos pedindo 1% do que foi dado aos bancos apenas nos Estados Unidos", afirmou Sir John Holmes, chefe do Departamento de Assuntos Humanitários das Nações Unidas. OUTRO PLANO A Comissão Européia (CE) anunciou ontem que vai apresentar hoje um pacote para reduzir os efeitos da recessão no bloco. O valor deve girar em torno de 130 bilhões. Além disso, a CE deverá flexibilizar o limite de 3% de déficit público em 2009 e 2010. Bruxelas ainda deverá propor aos seus 27 Estados a redução temporária do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para setores com alta necessidade de mão-de-obra e ligados ao desenvolvimento sustentável, medida semelhante à adotada pelo Reino Unido na segunda-feira.França e da Alemanha já descartaram essa medida. A indústria automobilística deverá ser a mais privilegiada porque, além da redução do IVA, deve receber um plano bilionário de estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos do Banco Europeu de Investimentos (BEI).

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