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Palocci cai: dólar sobe e Bolsa fecha quase estável

No final da tarde, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pediu afastamento do cargo. Dólar fecha em alta de 0,79% e Bolsa sobe 0,17%

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado cambial já tinha encerrado suas operações quando o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pediu afastamento do cargo. Contudo, o dia foi marcado pela expectativa em relação ao assunto. O dólar comercial oscilou entre a máxima de R$ 2,2000 e a mínima de 2,1670 e encerrou o dia cotado a R$ 2,1710, em alta de 0,79%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a reduzir a alta depois da saída de Palocci, voltou a subir e desacelerou, encerrando a segunda-feira em leve alta de 0,17%. Às 18h, o risco Brasil - taxa que mede a desconfiança do investidor estrangeiro em relação à capacidade de pagamento da dívida do País - está em 234 pontos base, uma alta de 2 pontos em relação ao fechamento de Sexta-feira. O afastamento do ministro foi explicado depois pelo governo como um pedido de demissão entregue pelo ministro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que aceitou. Fontes do PT confirmaram que o presidente do BNDES, Guido Mantega, será o novo ministro da Fazenda. Mantega, segundo a fonte, estaria vindo para Brasília para uma conversa com o presidente Lula. O discurso que o governo vai adotar para justificar a nomeação de Mantega é que o fiador da política econômica é o presidente da República. A permanência do ministro no governo foi abalada com a crise gerada a partir da entrevista exclusiva concedida ao Estado pelo caseiro Francenildo Santos Costa no dia 14 de março. Nildo, como é conhecido, acusou Palocci de freqüentar uma casa no Lago Sul que serviu de base durante oito meses por lobistas da república de Ribeirão Preto para fazerem negócios escusos. A situação ficou ainda mais complicada após a quebra ilegal do sigilo do caseiro pela Caixa Econômica Federal, subordinada ao Ministério da Fazenda. O pedido de demissão do ministro foi entregue ao presidente poucas horas depois de a Polícia Federal ter informado que é Ricardo Schumann o nome do consultor da Caixa Econômica Federal (CEF) que revelou ter sido o presidente da CEF, Jorge Mattoso, o autor da ordem para que violasse o sigilo bancário do caseiro. A cadeia de comando da quebra ilegal do sigilo do caseiro foi revelada por Schumann agora à tarde, em depoimento à PF. Já o presidente da Caixa citou nominalmente duas vezes Palocci como sendo a pessoa a quem ele entregou pessoalmente o extrato da conta de poupança do caseiro na Caixa. Segundo o delegado Ricardo Carneiro, que preside o inquérito, "foi um depoimento corajoso, mas de alguém arrasado". Cenário externo O mercado financeiro também mantém a expectativa em relação à decisão do banco central dos Estados Unidos sobre a taxa de juros. Será o primeiro encontro sob a gestão do novo presidente do Fed, Ben Bernanke. A expectativa é de que o Fed promova o 15º aperto gradual da taxa dos Fed Funds, que passaria do nível atual de 4,50% para 4,75% ao ano. Mas os mercados estarão atentos sobretudo ao comunicado que acompanha a decisão e que poderá, eventualmente, trazer sinalizações sobre o rumo da política monetária nos EUA. Escolha pode não agradar mercado Analistas diziam que o ideal para os negócios financeiros seria tudo ficar como está. Mas a troca no ministério da Fazenda, que já era considerada o mais provável, já era dada como certa no final do dia. A dúvida maior era sobre o nome do sucessor. O mais cotado era o senador petista Aloizio Mercadante. O mercado preferia Murilo Portugal, mas temia mesmo é que o escolhido fosse Mantega, como de fato foi. A avaliação sobre Mercadante é de que manteria a política atual, mas sem a mesma força e convicção demonstradas por Palocci. Já Guido Mantega oferece incertezas sobre o destino da política econômica. Murilo Portugal não deixaria dúvidas quanto à condução da macroeconomia, mas poderia abrir margem a ataques da base aliada do governo. A abertura dos mercados amanhã vai mostrar a reação dos investidores à escolha de Mantega.

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