PUBLICIDADE

Pandemia fecha 1,1 milhão de vagas de trabalho no Brasil

Só em abril, total de demissões passou de 860 mil, no pior resultado para o mês em 29 anos; essa é a primeira divulgação dos dados sobre empregos formais relativos ao ano de 2020

Foto do author Amanda Pupo
Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Amanda Pupo (Broadcast) e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - A pandemia do novo coronavírus fechou 1,1 milhão de vagas com carteira assinada no Brasil em março e abril, segundo números do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged) divulgados nesta quarta-feira, 27, pelo Ministério da Economia.

Só em abril foram fechados 860.503 postos de trabalho, o pior resultado para meses de abril desde o início da série histórica da Secretaria Especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia - que tem início em 1992. Com isso, foi a maior demissão registrada para esse mês em 29 anos.

Beneficiários do auxílio emergencial de R$ 600 fazem fila em agência da caixa da zona sul de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão - 30/4/2020

PUBLICIDADE

O recorde de demissões acontece em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado o nível de atividade e empurrado a economia mundial para recessão. 

Em março, 240.702 vagas foram cortadas. Nos dois primeiros meses do ano, o Brasil gerou novos postos de trabalho: em fevereiro, 224.818; e em janeiro, 113.155. No acumulado do ano, o saldo está negativo em 763.232 vagas. 

Apesar da eliminação de mais de 1,1 milhão de empregos entre março e abril, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que o “copo está meio cheio” e que empregos estão sendo preservados com as medidas como suspensão de salários e redução de jornada.

“Desemprego não é algo para comemorar, a preservação de empregos é (comemorável). O copo está meio cheio, estamos preservando emprego e renda”, afirmou.

Bianco reconheceu que os números do Caged são duros e refletem a pandemia. “O Brasil está conseguindo preservar empregos, mas não manter nível de contratação.”

Publicidade

De acordo com o secretário, os dados vão ajudar o governo a formatar uma nova fase de políticas públicas, para estimular contratações, mas não detalhou medidas.

Até 26 de maio, 8,154 milhões de trabalhadores foram atingidos com medidas como suspensão do contrato ou redução do salário e jornada.

Setores

Todos os setores econômicos tiveram saldo negativo de empregos em abril, mês inteiramente afetado pela pandemia do novo coronavírus. O fechamento foi puxado pelo setor de serviços, com saldo negativo de 362.378 vagas. Em segundo lugar, veio comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, com fechamento de 230.209 vagas.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

A indústria em geral foi responsável por um resultado negativo de 195.968 postos, e a construção perdeu 66.942 vagas. Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foram os setores que menos fecharam postos, com saldo negativo de 4.999.

No setor de serviços, o pior resultado ficou com informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com 129.151 vagas fechadas. Em seguida vem alojamento e alimentação, que perdeu 127.876 postos. Em terceiro está transporte, armazenamento e correio (-51.067), outros serviços (-30.748), administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (-23.503), e serviços domésticos (-33).

No acumulado de janeiro a abril, o setor de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve saldo positivo de 10.032 postos. Os outros setores todos ficaram com resultados negativos. O pior resultado entre janeiro e abril foi de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com fechamento de 342.748 vagas. Depois vem o setor de serviços, com menos 280.716 postos. Em seguida está indústria geral (-127.886) e depois construção (-21.837).

Publicidade

Essa é a primeira divulgação dos dados sobre empregos formais relativos ao ano de 2020. O último resultado tornado público pelo governo foi o de todo ano passado - que saiu em janeiro deste ano.

No fim de março, o Ministério da Economia suspendeu a divulgação do Caged porque empresas haviam deixado de enviar informações, principalmente referentes às demissões de trabalhadores formais, o que poderia comprometer a qualidade dos dados. E pediu que as empresas retificassem e reenviassem as informações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.