Além do aperto no bolso provocado pela disparada da inflação, a pandemia tem contribuído para frear o consumismo exagerado. Esses dois fatores combinados ajudaram a impulsionar as vendas de roupas novas por quilo e também de segunda mão nos brechós.
“As pessoas perceberam que não precisam gastar R$ 200 por uma jaqueta, por exemplo, sendo que elas podem comprar por quilo a mesma peça antiga ou com leves defeitos, pagando 90% menos”, disse Adriana Silva, gerente do Grupo Hamuche, que vende roupas por quilo.
Essa também a constatação de Josefa Distefano, dona do Spazio Fashion Brechó, que na semana passada “garimpava” roupas vendidas por quilo para abastecer a sua loja. “Tem aumentado o movimento nos brechós porque os jovens aderiram a esse tipo de loja por questões de sustentabilidade, natureza, reaproveitamento mesmo”, explicou.
Normalmente, Josefa compra os produtos para revender em bazar de igrejas e foi a primeira vez que recorreu a loja por quilo. “Não estou muito feliz com as peças”, disse, reclamando da qualidade dos produtos, enquanto revirava montanhas de roupas. No final, gastou R$ 800 na compra de 16 quilos de roupas que vai customizar para revender em sua loja “Aqui não é o melhor lugar para ‘garimpo’, não pretendo voltar.”
Aperto
Já Adriele de Jesus Silva, de 22 anos, que trabalha no supermercado separando os produtos vendidos no comércio online e mora com a mãe, ficou satisfeita com a compra. “Vi um vídeo no TikTok, achei legal e vim”, contou. Foi a primeira vez que visita a uma loja que vende roupa por quilo. A intenção era comprar peças para uso própria dela e da irmã.
Adriele, que tira R$ 1.300 no supermercado e não compra roupas regularmente, tinha reservado R$ 200 para gastar. Mas acabou saindo no lucro. Por nove peças – cinco calças jeans, três shorts e uma saia, que pesaram quase três quilos – pagou R$ 145. “Os preços subiram demais e estava procurando alternativas”, disse, animada com o bom negócio que fez.