PUBLICIDADE

Pão de Açúcar vê mais sinergia com Ponto Frio e planeja expansão

Por Stella Fontes
Atualização:

Após divulgar crescimento expressivo no lucro líquido do terceiro trimestre, o grupo Pão de Açúcar informou que pretende implementar um plano de crescimento orgânico agressivo no próximo ano e que as sinergias a partir da integração da rede Ponto Frio vão superar os 500 milhões de reais inicialmente estimados. Em teleconferência com jornalistas para comentar o desempenho trimestral, o vice-presidente financeiro do Pão de Açúcar, Enéas Pestana, afirmou que o grupo vai acelerar o ritmo de investimentos em 2010 e não descartou uma eventual aquisição. "A gente fica com vontade de falar sobre investimentos, mas não pode anunciar. Podemos dizer que vamos entrar em 2010 com um plano muito agressivo no crescimento orgânico, que só deixaria de acontecer se houvesse alguma aquisição", comentou. Conforme Pestana, os investimentos no próximo ano deverão superar com folga os aportes realizados em 2009, os quais, por sua vez, não deverão alcançar os 750 milhões de reais projetados. "Devemos ficar perto de 750 milhões de reais em investimentos ou um pouco abaixo. No ano que vem, ficaremos acima disso no orgânico", acrescentou. Já as sinergias geradas a partir da compra da rede Ponto Frio, anunciada em junho, deverão superar a estimativa inicial, de acordo com o presidente da empresa, Jorge Herzog, que anteriormente ocupava a diretoria de operações regionais no Pão de Açúcar. Conforme Herzog, já transcorreram 120 dias do início do processo de integração e o plano de reestruturação e recuperação da rede, que prevê a revisão de todo o parque de lojas, está em andamento. "O número ficará bem acima desses 500 milhões de reais (para sinergias)", afirmou. "Vemos que há grande oportunidade por concentração do poder de compra, com um único comercial, em logística, marketing e 'back office', onde já existe compartilhamento das atividades", acrescentou Herzog. LUCRO, VENDAS E DESPESAS O Pão de Açúcar anunciou nesta quinta-feira lucro líquido consolidado duas vezes e meia maior que o obtido um ano antes, de 171 milhões de reais no terceiro trimestre, apoiado em aumento nas vendas e contenção de despesas. Os números incluem dados da aquisição do Ponto Frio. Sem considerar esse efeito, a maior rede de varejo do país teria um lucro trimestral ainda maior, de 206,7 milhões de reais. O balanço também inclui pagamento pelo Itaú Unibanco de 600 milhões de reais pela renegociação no fim de agosto de contrato da Financeira Itaú CBD (FIC). As vendas líquidas sob o conceito "mesmas lojas", que incluem apenas as unidades com no mínimo 12 meses de operação e por isso excluem as operações do Ponto Frio, subiram 12,9 por cento. "Todas as bandeiras apresentaram crescimento, em fluxo de clientes e tíquete médio", afirmou Pestana. "É importante porque (o crescimento) não se dá por aumento de preço, o que permite dizer que deve ter ocorrido ganho de market share", acrescentou. O faturamento sem incluir aquisição somou 5,07 bilhões de reais, ante 4,40 bilhões de reais no terceiro trimestre de 2008. Incluindo o Ponto Frio, a receita líquida foi de 6,15 bilhões de reais nos três meses encerrados em setembro. O faturamento líquido das lojas do Ponto Frio, que representou 18,5 por cento das vendas totais do grupo, cresceu 15,8 por cento no terceiro trimestre, para 1,08 bilhão de reais. A empresa informou que no trimestre passado as despesas operacionais totais (que incluem gastos com vendas e gerais e administrativas) representaram 18,4 por cento das vendas líquidas, mesmo patamar do segundo trimestre e abaixo dos 18,9 por cento um ano antes, "demonstrando que as despesas da companhia continuam sob controle". Incluindo o Ponto Frio, essas despesas representaram 19,1 por cento das vendas líquidas. MARGEM INFERIOR A geração de caixa medida pelo Ebitda --sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação-- totalizou 350 milhões de reais de julho a setembro incluindo a compra do Ponto Frio, queda ante os 354,9 milhões de reais em igual período de 2008. A margem Ebitda passou de 8,1 para 5,7 por cento, na mesma base de comparação. Conforme Pestana, a incorporação do Ponto Frio, cujas margens são inferiores às margens históricas do grupo em decorrência do próprio perfil do negócio de eletroeletrônicos, deverá levar a companhia a um novo patamar de indicadores de rentabilidade. "Teremos uma margem mais baixa que a histórica." As ações do Pão de Açúcar caíam 4 por cento às 15h39, a 54,92 reais, enquanto o Ibovespa cedia 1,02 por cento. Questionado sobre a reação do mercado ao balanço da companhia, Pestana disse acreditar que pode ser um movimento de realização de lucro com os papéis, após a alta verificada recentemente. (Reportagem adicional de Alberto Alerigi Jr.)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.