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Para analistas, geração de vagas em junho mostra melhora, mas ainda limitada

Para economista da Tendências, não há sinais de reversão rápida das cerca de 3 milhões de vagas perdidas entre 2015 e 2016

Foto do author Thaís Barcellos
Por Thaís Barcellos (Broadcast) e Caio Rinaldi
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O terceiro mês de geração líquida de vagas formais no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), assim como o saldo positivo no semestre, mostram que há uma melhora em curso no mercado de trabalho brasileiro se comparado com os últimos anos de forte recessão. No entanto, a recuperação do emprego é bastante limitada, sem reversão rápida das cerca de 3 milhões de vagas perdidas entre 2015 e 2016. Essa é a avaliação do economista da Tendências Consultoria Integrada Thiago Xavier. Segundo o Ministério do Trabalho, os 67.358 postos formais de emprego criados nos seis primeiros meses deste ano são o melhor resultado desde 2014.

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"É difícil saber quando vamos recuperar as vagas que perdemos, teremos que pensar em alguns anos. Estamos melhor do que o ano passado, mas longe de estar bem no que se refere ao mercado de trabalho. Em 2015 e 2016, eliminamos as vagas criadas de 2011 a 2014, o que mostra a gravidade da crise", diz. Em junho, houve 9.821 contratações líquidas, mas, no cálculo dessazonalizado de Xavier, o saldo continua negativo, em 35 mil postos. Segundo ele, nessa conta, há demissão líquida desde 2015. "Mas, quando olhamos a média móvel trimestral, os cortes são cada vez menores. Isso indica que há uma estabilização, mas é preciso ressaltar que já estamos com um nível de estoque de empregos formais muito baixo, o que pode impedir maior número de demissões", explica. Em termos de setores, somente a agropecuária (36.827) teve criação líquida forte, embora a administração pública (704) também tenha contratado no mês. "De maneira geral, os setores têm ainda dificuldade de contratar diante da atividade fraca", analisa o economista.

++ NA FILA: 3 milhões estão desempregados há mais de dois anos

Piso. Em termos dessazonalizados, a criação de empregos com carteira assinada ficou negativa em cerca de 23 mil vagas, relatou a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, ao comentar o resultado. "Mais do que o resultado geral, chama atenção a queda na construção civil, cujas demissões em termos dessazonalizados ficaram em torno de 13 mil", explicou ao Broadcast. Ainda que o resultado dessazonalizado para junho tenha sido negativo, a profissional apontou que uma boa notícia pode ser verificada a partir da leitura dos dados. "Olhando a tendência de emprego e desemprego, parece que o desemprego está encontrando um certo piso, mais ou menos estável", afirmou. Já a criação de vagas sem o efeito sazonal, diz, ficou um pouco menor em junho, com 1,164 milhão de vagas contra 1,168 milhão de vagas no mês anterior. "Esse tipo de vai e vem é comum, a tendência continua bastante positiva em termos de recuperação."

A contribuição do agronegócio, na avaliação sem efeitos sazonais, ficou negativa, pelos cálculos da economista. "Em termos dessazonalizados, teria cortado 2.704 vagas." No Caged, o setor agrícola contribuiu com 36.827 postos formais em junho. Para a economista-chefe da Rosenberg, o mercado de trabalho ainda deve apresentar uma recuperação menos intensa neste ano, criando condições para uma retomada mais relevante do emprego a partir de 2018. "Ainda demora para voltar àquele cenário de pleno emprego. O mercado de trabalho agora começa a melhorar e ano que vem será bem melhor", avalia. De acordo com Thaís, as novas regras para o mercado de trabalho, aprovadas pelo Congresso e sancionadas pelo presidente Michel Temer na semana passada, devem ter efeito reduzido neste ano, mas contribuirão de forma mais significativa para a recuperação no ano que vem.

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