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Para analistas, inflação ainda exige cautela

Por Agencia Estado
Atualização:

O cenário da inflação ainda exige cautela na condução da política monetária. A avaliação foi feita hoje pelo coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Paulo Mansur Levy. O instituto calculou que a tendência do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), núcleo médio para os próximos quatro meses anualizado, está em 7,2%, o equivalvente a 0,58% ao mês. O aspecto positivo da análise do Ipea, que exclui da inflação efeitos acidentais (como tarifas públicas e outros), é que a tendência anualizada vem caindo desde o início do ano, quando estava em 8,4%. A questão, entretanto, é que ainda permanece acima do teto máximo da meta da inflação prevista para este ano pelo governo (5,5%, sendo 3,5% mais dois pontos porcentuais). Levy avalia que a inflação cheia medida pelo IPCA, do IBGE, deverá subir em junho e julho, levando em conta os aumentos previstos como de energia elétrica, telefonia, gás de cozinha, ônibus. Mas explica que "não seria surpresa" se a tendência estimada pelo Ipea não captasse estes impactos e continuasse o movimento de declíneo que vem desde janeiro. Na prática, as grandes oscilações (positivas ou negativas) têm ocorrido em quantidade reduzida de produtos. A avaliação traçada pelo economista Ricardo Braule, membro do conselho consultivo do índice de preços do IBGE, também sugere alguma cautela. Ele argumenta que apesar da queda do IPCA de 0,80% em abril para 0,21% em maio, "a situação no front inflacionário não melhorou". Isto porque o núcleo calculado pelo economista, formado pela mediana das variações de produtos tipicamente de mercado (exclui tarifas e anuidades), interrompeu a trajetória de queda, e passou de 0,30% em abril para 0,40% no mês seguinte. "O núcleo, a medida relevante da inflação para decisões de política monetária, que vinha apresentando bons resultados há três meses, deu uma freada, fazendo-nos arquivar, temporariamente, a esperança de que a tendência de queda se consolide em curto prazo", resume Braule. A análise de três tipos de núcleo da inflação e da situação econômica, na visão da Tendências Consultoria, sustenta uma previsão de corte de 0,25 ponto porcentual da taxa básica na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que termina hoje. A consultora de inflação e nível de atividade da Tendências, a economista Marcela Prada, alinha alguns fatores positivos: o preços de mercado apresentam quadro favorável, a projeção de inflação para 2003 ainda está abaixo da meta e, daqui para frente, as decisões de política monetária teriam cada vez menos impacto este ano, levando em conta a estimativa de que demora entre seis a nove meses para se ter um efeito concreto de mudança da condução monetária.

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