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Para analistas, o pior para as montadoras está por vir

Recuperação do mercado de veículos é esperada apenas no próximo ano

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O pior ano da história das montadoras, com prejuízos de US$ 52,8 bilhões, pode ser superado em 2009, com novas perdas recordes. No ano passado, cinco das maiores fabricantes mundiais de veículos perderam, juntas, quase quatro vezes mais que o grupo de sete companhias que somaram lucros de US$ 14 bilhões. Na avaliação de analistas, este ano a trajetória deve se repetir e os resultados do primeiro trimestre confirmam essa tendência. Puxado pela General Motors, com prejuízos de US$ 30,9 bilhões no ano passado, o grupo das empresas que fechou no vermelho tem Ford, Nissan, PSA Peugeot Citroën e Toyota - que, pela primeira vez, experimentou um resultado negativo. O grupo das que tiveram balanços azuis é liderado pela Volkswagen, com lucro de US$ 6,39 bilhões, e traz Daimler, Honda, Fiat, Hyundai, BMW e Renault. Dessa equipe, só duas repetiram balanços positivos no primeiro trimestre de 2009. A Volkswagen obteve lucro líquido de US$ 313 milhões e a Hyundai, de US$ 17 milhões, segundo a consultoria IHS Global Insight. Já as perdas de GM, Ford, Daimler, Fiat e BMW somaram US$ 9,8 bilhões. As japonesas Toyota, Honda e Nissan também tiveram saldos negativos, mas seus resultados são contabilizados dentro do ano fiscal abril/2008 a março/2009. "Um ano extremamente difícil está à nossa frente", admitiu o presidente mundial da Volkswagen, Martin Winterkorn, ao divulgar o balanço da empresa. Mesmo lucrativa, a VW opera com cautela. Relatório feito pela Global Insight a pedido da Comissão Europeia estima que, só na Europa, o setor automotivo este ano deve perder de US$ 24 bilhões a US$ 40 bilhões. O presidente do Lean Institute Brasil, José Roberto Ferro, arrisca que, em 2009, as perdas das montadoras será entre 20% a 30% superiores às do ano passado. "Até grupos que inicialmente estavam bem estão perdendo dinheiro, como a Toyota e a Honda", diz. A união por meio de aquisições, fusões e parcerias é o salva-vidas buscado por muitas empresas. A Fiat, que em 2008 teve lucro de US$ 2,31 bilhões, mas, neste ano já perdeu US$ 544 milhões entre janeiro e março, busca se fortalecer com a compra de ações da americana Chrysler e fez oferta pela alemã Opel, o braço europeu da GM. Diante da possibilidade de surgimento de um forte grupo italiano, a Volkswagen se mexe para criar um conglomerado alemão, que juntaria suas marcas à Porsche. Na rasteira, há boatos no mercado internacional de possível negociação entre Renault e PSA Peugeot Citroën para garantir a fatia das francesas nesse novo mapa mundial automobilístico. Fabricantes chinesas, que ainda não aparecem no ranking das maiores montadoras, também estudam uma união para formar um grupo forte internacionalmente. Já as empresas americanas "serão despedaçadas", avalia Ferro, com a venda de marcas para diferentes grupos. Ele ressalta, porém, que projetos de fusões podem ser abortados se o mercado automobilístico mundial acenar com uma retomada de vendas. "O ano de 2009 ainda será de perdas históricas para as montadoras, mas quem sobreviver terá novas chances, pois, a partir do segundo semestre de 2010, já deverá ocorrer uma recuperação nos mercados, inclusive no americano", prevê Carlos Reis, sócio da Carcon Automotive, parceira no Brasil da Global Insight.

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