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Para analistas, preço da gasolina é preço administrado

Por Agencia Estado
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Para os economistas que trabalham com projeção de inflação e análise de comportamento de preços, a gasolina é sempre considerada preço administrado, mesmo depois da abertura do mercado de petróleo, em janeiro de 2002. Para eles, o preço do produto só seria considerado livre, como afirmou a Petrobras na nota oficial divulgada quinta-feira, caso houvesse uma real concorrência no setor. Apesar desse consenso em torno dos preços, eles se dividem na análise da polêmica entre a Petrobrás e o Comitê de Política Monetária (Copom). "Preço livre é determinado pela concorrência, que não existe no Brasil no setor de petróleo", disse o consultor Marcelo de Ávila. "A gasolina é um preço administrado. A abertura do mercado não mudou isso porque na prática não houve abertura, a Petrobras ainda detém o monopólio", destacou o economista do Ibmec e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas. A analista Ana Paula Almeida, da Tendências Consultoria, engrossa o consenso: "a gasolina é um preço administrado porque não há dinâmica de concorrência, é um mercado superconcentrado". Até a gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, coloca a gasolina entre os preços administrados no cálculo do IPCA. Thadeu de Freitas lembra que por definição preço administrado é o que não reflete a demanda e oferta de produtos, como os preços livres. "Há indexação na gasolina, mesmo que pós-fixada, ao contrário dos preços livres", disse. Polêmica Sobre a polêmica entre a Petrobras e o Copom, Thadeu de Freitas avalia que a Petrobras está certa porque o Comitê "não tem expertise nessa área (de petróleo)". Ana Paula Almeida evita o julgamento da posição da Petrobras, mas defende o Copom. "O Copom tem que incorporar alguma projeção. O BC tem o dever de fazer projeção sobre o preço da gasolina, é um produto com impacto muito grande na inflação", disse. Marcelo de Ávila também defende o Copom e afirma que "quanto mais transparência tiver a ata, melhor". Para ele, abrir as projeções do Banco Central para a variação do preço da gasolina "só facilita essa transparência. Não vejo porque reclamar, porque o BC tem que fazer a sintonia fina de política monetária".

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