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Para aposentada do Postalis, governo demorou a agir para acabar com falcatruas do fundo

'Eu me sinto desprotegida', afirma servidora Ângela Peçanha que contribui com o fundo desde 1981

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Por Murilo Rodrigues Alves
Atualização:

BRASÍLIA - A servidora Ângela Maria Fabri Peçanha, que se aposentou neste ano da função de agente dos Correios, depois de 42 anos de serviços prestados à estatal, espera que a intervenção decretada pelo governo no Postalis sirva para recuperar de vez a entidade depois de rombos sucessivos.

Angela Maria Fabri Pecanha, servidora da Empresa Brasileira de Correios e Telegrafos Foto: Dida Sampaio/Estadao

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"Depois de tanta falcatrua que foi revelada no Postalis, demorou muito para o governo agir", diz. "Eles poderiam ter feito alguma coisa antes para evitar chegarmos a esse ponto. Estamos sendo penalizados há muito tempo, com descontos nos salários e nas aposentadorias", completa.

Aposentada, Ângela recebe R$ 6,2 mil entre os benefícios que recebe do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) e do Postalis. Da parte que recebe do plano de benefício definido do Postalis há um desconto de quase um terço. São 20,65% de contribuição extra para cobrir os rombos de 2011 a 2015, além dos 9% de custeio mais taxa de administração.

A situação de Ângela é semelhante a de quase 65 mil funcionários, aposentados e pensionistas que pagam contribuições extras para equacionar o rombo do plano de benefício definido (um tipo de plano mais antigo, que foi suspenso a novos participantes, em que o benefício era previamente estipulado, independentemente da evolução das contribuições).

"Todo ano tem déficit. Parece um buraco sem fundo. A gente ouve que recuperou e prendeu os antigos dirigentes. Mas cadê o dinheiro de volta?", questiona.

Em 2011 e 2012, foi registrado um rombo de R$ 1 bilhão. No ano seguinte, o fundo ficou no vermelho em R$ 3,94 bilhões. Em 2014, o rombo de R$ 5,6 bilhões teve como principal motivo maus investimentos, como papeis atrelados à dívida da Argentina e da Venezuela a aplicações em títulos de bancos liquidados (Cruzeiro do Sul e BVA) e ações de empresas de Eike Batista. Também foram registrados rombos em 2015 (R$ 1,5 bilhão) e 2016 (R$ 1,1 bilhão).

Ângela começou a trabalhar como telefonista em uma agência dos Correios a quatro dias de completar 18 anos. A adesão ao Postalis foi feita assim que o fundo foi criado, em 1981. Depois da intervenção, ela ainda se sente insegurança em relação ao futuro do plano. "Não sei muito bem o que vai acontecer agora, continuo me sentindo desprotegida e sem segurança em relação ao futuro da minha aposentadoria", diz.

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