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Para auditores, falta ''boa vontade do governo''

Sindicato diz que União precisa ceder pouco para alcançar propostas [br]da categoria; governo não quis se pronunciar sobre o assunto

Por Renata Veríssimo , Fernando Nakagawa e BRASÍLIA
Atualização:

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) divulgou nota ontem afirmando que o fim da greve da categoria, iniciada em 18 de março, depende "da boa vontade do governo". Segundo o documento, assinado pelo presidente do Unafisco, Pedro Delarue, o governo precisa ceder pouco para alcançar propostas compatíveis com as reivindicações dos auditores. "A categoria entende que, a depender da boa vontade do governo, estão colocadas as condições para um entendimento. Afinal, no momento, a solução não depende apenas dos auditores fiscais, que ao longo de oito meses sempre estiveram à disposição para negociar", diz o texto. A nota afirma que matéria publicada ontem pelo Estado sobre o movimento induz à interpretação de que os auditores deveriam aceitar a proposta do governo, posição contrária ao entendimento da diretoria do Unafisco. A reportagem publicada, no entanto, não diz que os auditores aceitarão integralmente a proposta. A matéria diz que o entendimento para o fim da greve está próximo, citando declaração do próprio presidente do Unafisco. "Não falta muito para o movimento terminar. Agora são detalhes", disse Delarue ao Estado na segunda-feira. A reportagem ainda destaca os pontos de discordância entre as duas partes, como questões ligadas ao plano de carreira da Receita Federal e o cronograma para o pagamento do reajuste salarial. Enquanto auditores e governo não chegam a um acordo, o discurso permanece duro. Ontem, a Assessoria de Imprensa do sindicato reiterou que a categoria não aceitará a proposta apresentada pelo governo na terça-feira da semana passada, que já foi rejeitada em assembléia na sexta-feira. Os auditores estão organizando um ato público, a partir das 9 horas de amanhã, na frente do Ministério do Planejamento. Também vão ao Congresso Nacional tentar obter apoio dos congressistas. O Ministério do Planejamento não quis se pronunciar sobre o assunto. E continua afirmando que não sabe quantos auditores terão os dias parados descontados do salário de abril. Ao dizer que faltava pouco para um acordo, o Unafisco citou a questão salarial. Na discussão do teto de remuneração, o governo ofereceu apenas R$ 450 menos que a proposta original, do ano passado, antes do fim da CPMF. Mas o ponto considerado mais relevante pelos auditores é o cronograma de implementação do reajuste - pela proposta do governo, o aumento seria aplicado ao longo de três anos. "O cronograma para a implantação do reajuste também tem levado ao atraso na resolução das negociações. O governo insiste em um calendário de reajustes com término em julho de 2010, enquanto os auditores-fiscais reivindicam que a data final seja abril de 2009", diz a nota do sindicato. PREJUÍZOS Com a paralisação dos auditores, diversos setores da indústria que dependem de componentes importados estão acumulando perdas. Em Manaus, já passa de R$ 1 bilhão o prejuízo das empresas do Pólo Industrial. No aeroporto e no porto da Zona Franca, ontem, havia quase US$ 200 milhões em mercadorias paradas à espera de liberação. Nos Aeroportos Internacionais de São Paulo, em Cumbica, em Guarulhos, e de Viracopos, em Campinas, os armazéns continuam lotados. Mesmo com a volta dos auditores ao trabalho, em operação-padrão, desde quinta-feira, a expectativa é de que a situação só se normalize depois de duas semanas. COLABOROU MARCELO REHDER

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