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Para Bank Boston, "curralzinho" não quebrará bancos

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão da Suprema Corte argentina de considerar ilegal o "corralito" ("curralzinho"), o congelamento dos depósitos bancários, caso seja efetivamente implementada, não quebrará os bancos, mas deverá levar o país a um grande inflação e possivelmente à hiperinflação. A declaração é de Henrique de Campos Meirelles, presidente mundial do Bank Boston, o maior banco estrangeiro na Argentina. "Os bancos internacionais não vão assumir o papel de banco central na Argentina", disse Meirelles. Segundo o executivo, o governo determinou que os bancos rolassem as dívidas das empresas, por causa da crise. Agora, se obrigar os bancos a honrar os depósitos, o governo argentino não terá outra alternativa senão dar liquidez ao sistema bancário. "Nós temos ativos com as empresas e passivos com os depositantes; se esta medida for implementada, nós passaremos a ter ativos com as empresas e passivos com o governo argentino", disse Meirelles. Este passivo, explicou, nada mais é do que a moeda que o país teria que emitir para que os depósitos fossem retirados. E esta grande emissão monetária provocaria inflação. "Vai ser até uma situação estranha, porque as pessoas vão sacar um dinheiro que será corroído pela inflação", disse Meirelles. Operação não corresponde a expropriação de capital Esta questão, para ele, é diferente da que poderia ocorrer com o que alguns consideram como expropriação do capital dos bancos, que é a mudança de regras do jogo, provocando descasamentos compulsórios entre ativos e passivos. Isto acontece no caso de um câmbio duplo que force os bancos a pagar os depósitos com uma taxa de câmbio superior à que prevalece sobre a sua carteira de crédito. O Bank Boston tem um capital de US$ 800 milhões e já fez uma provisão para perdas na Argentina de US$ 1,1 bilhão. "Estes US$ 300 milhões a mais são o que estamos dispostos a investir para contribuir com a solução da crise, mas não mais do que isto", disse Meireles. Banco não prevê perda de todo o dinheiro Ele observou que a provisão foi feita por conservadorismo, mas que o banco não pretende perder todo aquele dinheiro, o que só aconteceria de fato se o governo persistisse em medidas que, no fundo, corresponderiam a uma expropriação do capital. Meirelles disse que a operação argentina do Bank Boston é a segunda melhor do mundo, depois do Brasil, em termos de indicadores como perdas de créditos e rentabilidade. "O nosso pessoal lá é excelente". Ele acrescentou que a carteira de crédito é de ótima qualidade, e disse não temer perdas por causa dos efeitos da crise nas empresas. "Este risco é nosso; se perdermos dinheiro por causa disto, colocamos mais", concluiu Meirelles. Leia o especial

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