BRASÍLIA - Uma das obsessões da equipe econômica é o barateamento do crédito no Brasil. Para isso, o governo aposta boa parte das fichas na queda da taxa básica, a Selic, referência para financiamentos ao consumo e na concorrência entre os bancos. O plano, porém, passa longe da Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), que é o parâmetro para os empréstimos voltados aos investimentos das pessoas jurídicas. Empresas reclamam.
A taxa Selic segue em queda há quase um ano. Desde agosto do ano passado, o juro mais conhecido entre os brasileiros caiu 4 pontos porcentuais e está agora em 8,5% ao ano, mínimo histórico. Analistas dizem que o Banco Central seguirá com a mesma estratégia até levar a taxa para 7,5% em agosto.
Enquanto isso, a taxa de longo prazo está estacionada em 6% ao ano desde junho de 2009. "A taxa de longo prazo deveria cair em igual tendência para que fosse mantido o diferencial com a Selic. Se a TJLP caísse, novos investimentos para muitas empresas passariam a ser viáveis", reclama o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
O argumento dos empresários é que a vantagem de tomar crédito vinculado à TJLP é cada vez menor, o que reduz o benefício potencial de novos investimentos. Hoje, o juro de longo prazo é 26% menor que a Selic. Uma década atrás, era 60% mais barato: em dezembro de 2002, o juro básico estava em 25% ao ano, mais que o dobro dos 10% da TJLP.
"O problema é que a Selic é um juro de curto prazo e o investimento é uma operação de longo prazo. No limite, a perda de competitividade da TJLP poderia fazer com que empresas mudassem o mix de financiamentos, com um pouco mais de operações ligadas à Selic", diz o gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.
Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostram que 92% de todos os empréstimos concedidos pela instituição seguem a TJLP. Em 2011, o estoque dessas operações somava R$ 137,3 bilhões. Desde 2009, o porcentual do juro de longo prazo como referência nos financiamentos tem girado em torno de 91% e 92%. Em 2007, o porcentual era de 96%.
Veja a reportagem completa na edição deste fim de semana de "O Estado de S.Paulo".