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Para Barclays, rating do Brasil está ameaçado

Banco britânico diz que, com baixo crescimento da economia e deterioração fiscal, nota de risco do País pode ser reduzida até o início de 2014

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Por Altamiro Silva Junior (Broadcast), CORRESPONDENTE e NOVA YORK
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Uma combinação de baixo crescimento econômico e deterioração fiscal pode levar o Brasil a ser rebaixado pelas agências de classificação de risco até o começo de 2014, segundo previsão do banco britânico Barclays. A instituição reduziu novamente ontem as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, para 2,3% este ano e 2,7% em 2014.A previsão anterior do Barclays era de que o País fosse crescer 2,5% este ano e 3,5% no próximo. A justificativa para a nova redução é a expectativa agora de um consumo crescendo pouco e atividade industrial andando "de lado".A postura mais firme do Banco Central, que elevou os juros em 0,5 ponto porcentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, para combater a inflação, foi bem-vinda, mas não é suficiente para melhorar o ambiente econômico, de acordo com a avaliação do Barclays. Apenas uma estratégia de maior austeridade fiscal ajudaria a evitar um rebaixamento do rating soberano brasileiro e a trazer de volta o investidor estrangeiro, avaliam os economistas do banco Guilherme Loureiro e Marcelo Salomon em um relatório divulgado ontem.Impacto. Com um eventual rebaixamento em um nível no rating brasileiro, o País ainda continuaria sendo classificado como "grau de investimento", mas teria algumas consequências imediatas, incluindo um estresse no mercado financeiro. Recentemente, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) revisou de estável para negativa a perspectiva do rating brasileiro.O Barclays prevê que, se um rebaixamento realmente vier a ocorrer, o real continuaria sob pressão e o prêmio de risco pago nos derivativos para proteção de calotes dos títulos soberanos emitidos pelo Brasil (os chamados CDS) subiria."O crescimento econômico não decola e a inflação permanece alta", destaca o relatório. A alta dos preços, ao comprometer o poder de compra das famílias - e afetando, desta forma, a popularidade da presidente Dilma Rousseff -, fez o governo priorizar o combate à inflação.O Barclays revisou a previsão de alta da taxa básica de juros da economia e agora espera a Selic em 9,25% em outubro, o que equivale a mais duas altas de 0,50 ponto nos juros e outra de 0,25.Se a política monetária ficou mais amigável ao mercado, o mesmo não ocorre pelo lado fiscal, e o Barclays espera que a situação piore. Em meio às eleições presidenciais de 2014, será muito mais complicado um controle de gastos públicos, destacam os economistas. Por isso, o banco britânico reduziu as projeções de superávit primário para 2013 e 2014. Neste ano, baixou de 1,7% para 1,4% do PIB e para o próximo, de 1,6% para 1,1%.

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