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Para BB, crescer sem compra é 'humanamente impossível'

Por DANIELA MACHADO
Atualização:

O Banco do Brasil mantém o interesse em crescer por meio de aquisições, mas ainda não concluiu as negociações com a Nossa Caixa, informou nesta quinta-feira o presidente da instituição, Antonio Francisco de Lima Neto, que preferiu não se comprometer com prazos para adquirir o banco paulista. "É humanamente impossível manter um banco desse porte crescendo apenas organicamente", disse a jornalistas após comentar os resultados do banco no terceiro trimestre. Segundo ele, a fusão entre Itaú e Unibanco traz consequências "para a arena competitiva". Questionado se é questão de honra para o BB e seu acionista majoritário --o governo-- recuperar a liderança no ranking de maiores bancos do país, perdida para Itaú Unibanco, Lima Neto citou que a fusão estabelece um novo padrão no mercado que não pode ser ignorado, mas nem por isso o BB vai adquirir "qualquer coisa". Ele negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha apressado o banco a retomar a liderança no país e também descartou que a medida provisória 443, que dá poderes ao BB e à Caixa de comprar participação em instituições financeiras, interferiu na negociação com a Nossa Caixa. O executivo disse que o BB está olhando perspectivas de negócios além do banco paulista, mas não tem "nada de concreto acontecendo neste momento". "Nossa atitude é buscar negócios que tenham sinergia e que possam completar nossa atuação", disse o executivo, reafirmando o interesse na Nossa Caixa por propiciar crescimento em São Paulo. "O fato de fazer uma aquisição seria melhor para suprir essa necessidade" de ter mais presença no maior mercado do país. Outro nicho de interesse é o de financiamento a veículos. "Queremos fortalecer nossa presença nesse segmento", completou. CRÉDITO x CRISE Neste ano, até novembro, o BB adquiriu 8,2 bilhões de reais em carteiras de crédito de outras instituições, incluindo consignado, financiamento de veículos e comercial. Ao fim do terceiro trimestre, a carteira total de crédito do BB, incluindo garantias, era de 214,5 bilhões de reais. Para 2009, a previsão é de crescimento entre 20 e 25 por cento. Lima Neto afirmou que, mesmo diante da crise global, o BB manteve-se atuante no segmento de crédito para evitar o risco sistêmico que acabaria representando problemas para o próprio banco. O lucro do banco cresceu 36,9 por cento no terceiro trimestre frente a igual período do ano passado, para 1,867 bilhão de reais. Descontados efeitos recorrentes, o lucro foi de 2,037 bilhões de reais. O financiamento ao consumo aumentou 45,4 por cento nessa comparação e o crédito às empresas, 42,7 por cento. A inadimplência estava em 2,2 por cento no terceiro trimestre (para operações vencidas há mais de 90 dias), praticamente estável frente aos 2,5 por cento do trimestre anterior. As receitas operacionais cresceram 7,2 por cento em 12 meses, enquanto as despesas administrativas aumentaram 7,6 por cento. Com isso, o índice de eficiência melhorou, passando de 51,2 por cento no terceiro trimestre do ano passado para 45,4 por cento. Como se trata de uma medida do comprometimento das receitas com despesas, quanto menor o índice, melhor. A Nossa Caixa, que também divulgou resultados,teve lucro líquido de 69,8 milhões de reais no terceiro trimestre, depois de prejuízo de 68 milhões de reais um ano atrás. O BB fechou setembro com ativos totais de 444,7 bilhões de reais e a Nossa Caixa com 53,4 bilhões de reais. Mesmo juntos, os bancos não chegariam aos 575 bilhões de reais de Itaú Unibanco. Às 16h17, as ações do Banco do Brasil subiam 2,81 por cento, enquanto o Ibovespa recuava 0,12 por cento. Os papéis da Nossa Caixa subiam 3,02 por cento.

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