PUBLICIDADE

Para Bernanke, EUA não estão enfrentando uma estagflação

Por DAVID LAWDER
Atualização:

O chairman do Federal Reserve, disse nesta quinta-feira que os Estados Unidos irão evitar um período de estagflação similar à dos anos 1970, mas admitiu que a pressão sobre os preços globais pode complicar os esforços do banco central de reerguer a economia. "Eu não antecipo uma estagflação", disse Bernanke respondendo a perguntas no Comitê Bancário do Senado. "Eu não acho que estejamos nem perto da situação que ocorreu nos anos 1970. Eu espero que a inflação desacelere." Bernanke, apresentando pelo segundo dia o seu relatório semi-anual ao Congresso sobre a saúde econômica, disse que a atual pressão inflacionária se deve à forte demanda global por petróleo, metais e alimentos. Ele disse que os preços dessas commodities, embora ainda estejam altas, devem se estabilizar nos próximos meses. "Se esse for o caso, então a inflação deve desacelerar e nós teremos, consequentemente, a possibilidade de responder à desaceleração do crescimento e aos problemas nos mercados financeiros", disse Bernanke. Mas ele admitiu que a forte pressão nos preços em um momento em que os preços dos imóveis norte-americanos estão caindo pode tornar a tarefa do Fed em manter a economia crescendo ainda mais difícil, especialmente comparada à última recessão, em 2001. "Nós temos uma pressão inflacionária maior neste momento do que em 2001", disse Bernanke. "Eu acho que é razoável que tanto a política fiscal quando a monetária enfrentem tensões adicionais." O banco central norte-americano cortou sua taxa básica de juro em 2,25 pontos percentuais desde meados de setembro, levando a taxa para 3 por cento, em uma tentativa de colocar um piso sob uma economia que mostra riscos de entrar em uma recessão. Leituras surpreendentemente altas nos preços para consumidores e no atacado, no entanto, fizeram com que alguns economistas temam que o banco central pode ter ido longe demais em seus esforços de alavancar o crescimento, levando a uma inflação mais alta. QUEDA DOS PREÇOS DOS IMÓVEIS AUMENTA A INFLAÇÃO? Bernanke foi instado a defender a perspectiva do Fed de desaceleração da inflação após repetir os comentários que havia divulgado na véspera na Câmara dos Deputados, quando deixou claro que as autoridades estão preparadas para diminuir ainda mais as taxas de juros. "É importante reconhecer que os riscos para o crescimento persistem", disse ele. "(O Fed) vai avaliar cuidadosamente as informações que virão sobre as perspectivas econômicas e vai agir no momento oportuno, do modo necessário, para apoiar o crescimento e fornecer a garantia adequada contra os risco." Respondendo perguntas no Senado, Bernanke disse que a queda dos preços dos imóveis pode estar causando um recuo nos gastos do consumidor, mas é também uma fonte potencial para a inflação devido ao seu "efeito perverso" de elevar os preços dos aluguéis. "A medida que os preços dos imóveis caem, as pessoas evitam comprar casas pois temem que os preços continuem caindo, então elas alugam", disse Bernanke. "Isto pressiona os aluguéis e pode elevá-los." Ele disse também que alguns pequenos bancos podem falir devido ao estresse financeiro iniciado no mercado imobilíario. Ainda assim, ressaltou, o sistema bancário norte-americano se mantém sólido. "Eu acredito que haverá algumas falências", disse Bernanke --comentário que pressionou para baixo os preços das ações. Bernanke disse que é importante para os formuladores de política e para o setor de hipotecas que pensem além de soluções de curto prazo para os problemas das hipotecas de alto risco e que procurem soluções de longo prazo. (Reportagem adicional de Joanne Morrison, Emily Kaiser e Alister Bull)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.