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Para BNDES, investimentos vão cair entre 2009 e 2012

Por Daniele Carvalho e RIO
Atualização:

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reduziu em R$ 200 bilhões os investimentos previstos para o Brasil entre 2009 e 2012. Segundo projeção divulgada ontem, o País deve receber R$ 1,3 trilhão de investimentos nesse período, previsão 11% inferior ao R$ 1,5 trilhão apurados em agosto do ano passado, antes do agravamento da crise. Diante do cenário de crise, que tem entre outras consequências a escassez de crédito, o BNDES prevê desembolsar de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões este ano. Cerca de R$ 50 bilhões vão para a Petrobrás. O maior recuo na previsão de investimentos ocorreu na indústria. Os números foram reduzidos em 15%, passando para R$ 450,1 milhões até 2012. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que o recuo foi causado principalmente pelos setores voltados para o consumo interno e de insumos básicos. Já na área de infraestrutura houve redução de 6,5% na previsão, para R$ 319,1 milhões. Na construção residencial, a queda foi de 6,4%, para R$ 535,7 milhões. A necessidade imposta pela crise forçará o BNDES a aumentar sua participação como financiador dos investimentos do setor produtivo, suprindo o crédito que encolheu no mercado internacional. O banco prevê volume recorde de desembolso este ano, podendo atingir R$ 120 bilhões. "Este seria o pior cenário possível de oferta de crédito internacional, em que teríamos de assumir o papel." Segundo ele, 2009 deve ser um ano de demanda forte nos setores de telecomunicações e infraestrutura, principalmente pela construção de grandes hidrelétricas, linhas de transmissão e projetos ligados a concessões rodoviárias. Mostrando-se otimista com a capacidade de o País superar os reflexos da crise, Coutinho diz "que não há razão lógica para que o Brasil coma o pão que o diabo amassou". Questionado se o banco terá fôlego financeiro para fornecer crédito à Petrobrás este ano e em 2010, ele diz que o reforço de R$ 100 bilhões dado pelo Tesouro ajudou a dissipar dúvidas em relação ao assunto."O aporte do Tesouro removeu as incertezas de uma possível falta de crédito para a Petrobrás, mas o resultado final vai depender do mercado. Acreditamos que as coisas podem melhorar e que a Petrobrás possa voltar a pegar crédito no mercado". Apesar da pressão governamental para que financiamentos do BNDES tenham a contrapartida de manutenção de empregos, Coutinho não sabe como esta exigência pode ser posta em prática. "Estamos em discussão para criar mecanismos que avaliem isto levando em conta a peculiaridade de cada setor."

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