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Para chineses, medida vai estimular investimentos

Apesar das críticas de representantes da indústria, avaliação é de que o potencial do mercado vai acelerar a instalação de novas fábricas no Brasil

Por CLÁUDIA TREVISAN , CORRESPONDENTE e PEQUIM
Atualização:

A elevação do IPI para veículos importados deverá estimular os investimentos de montadoras chinesas no Brasil. É o que avalia Wang Zhile, diretor do centro de pesquisas para corporações transnacionais, ligado ao Ministério do Comércio. "O potencial de mercado e o sucesso das exportações chinesas ao Brasil criaram uma oportunidade madura para os atores domésticos produzirem carros lá", disse Wang ao jornal oficial China Daily. As declarações contrastam com as críticas de representantes da indústria, para os quais a elevação do IPI tornará inviáveis os planos das montadoras. O vice-secretário-geral da Associação de Carros de Passageiros da China, Cui Dongshu, criticou o índice de nacionalização de 65% e disse que o porcentual de conteúdo local deveria ser elevado de maneira gradativa. "Eles não deveriam adotar uma medida tão radical. Isso é um problema sério, e os fabricantes chineses vão pensar antes de dar o próximo passo", disse Cui ao Estado. Apesar da insatisfação com a medida, o representante dos fabricantes não acredita que seus associados vão questionar a elevação do IPI. "Nós chineses não gostamos de briga nesse tipo de questão. Nós queremos resolver os problemas na prática." Na avaliação de Cui, a rapidez com que a decisão foi adotada coloca em xeque a credibilidade do governo brasileiro. "Se eles decidirem aumentar o porcentual para 80%, o que nós vamos fazer?" Cui também criticou o momento em que a medida foi imposta, em meio à retração dos mercados desenvolvidos por causa da crise na Europa e Estados Unidos. "Qualquer medida protecionista não afeta só o país envolvido, mas todo o mundo." O tom da reportagem publicada no China Daily é menos crítico em relação à elevação do IPI. Sob o título "Fabricantes de carros chineses forçados a produzir no exterior", o texto sustenta que as medidas vão levar as montadoras a acelerar suas decisões de estabelecer presença local com o objetivo de ganhar uma "base estável de operações no quinto maior mercado automobilístico do mundo". O pesquisador do Ministério do Comércio classificou a medida como uma "política de industrialização por substituição de importações" e disse que ela é uma aposta para atrair investimento e tecnologia estrangeiros e encorajar joint ventures com montadoras chinesas. O jornal reproduziu declarações de Cui divergentes das que ele deu ao Estado. "A nova política tributária vai empurrar as montadoras chinesas a acelerarem o processo de estabelecimento de unidades de produção no Brasil, para evitar taxas mais elevadas", disse o representante da indústria ao China Daily.

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