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Para compensar parada em Paulínia, Petrobrás vai importar diesel

Maior refinaria da estatal, a Replan está com a operação suspensa desde o último dia 20, em função de um incêndio; aumento das importações não interfere no preço do diesel no País

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

RIO - A Petrobrás vai importar 1,5 milhão de barris de diesel e mais 300 mil de querosene de aviação para compensar a parada de produção da sua maior refinaria, a Replan (Refinaria de Paulínia). A informação é do gerente executivo de Logística da petroleira, Claudio Mastella.

Na segunda-feira, 27, a empresa entregou à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que regula o setor, o plano de retomada da produção da unidade, que foi interrompida no último dia 20 por causa de um incêndio.

Três unidades da Replan foram afetadas por incêndio. Foto: Denny Cesare / Código19

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A petroleira vai aumentar as importações em um momento em que os importadores da iniciativa privada diminuíram a compra de diesel no mercado externo, alegando prejuízo com a operação desde que o governo começou a subsidiar a venda do combustível no mercado brasileiro, para pôr fim à greve dos caminhoneiros.

“Isso (importação) é para repor estoque e, mais pra frente, dependendo da refinaria, podemos importar mais”, disse Mastella, que prevê a volta da parte da refinaria não afetada pelo incêndio ainda esta semana, com metade da carga processada.

O maior volume de importação não interfere no preço do diesel ao consumidor, porque, desde que aderiu ao programa de subvenção do consumo do combustível, do governo federal, a estatal optou por manter os valores congelados nas suas refinarias. O litro está em R$ 2,0316 desde 1.º de junho.

Há a perspectiva de reajuste somente no mês que vem, quando passa a valer novo cálculo do subsídio, considerando os custos logísticos para trazer o produto de outros países e também a alta do dólar. A metodologia, que incorpora o frete e valerá do dia 31 até o fim do ano, foi divulgada na segunda pela ANP.

Trabalhadores. A Replan tem capacidade instalada para processar 415 mil barris diários de petróleo e operava perto do limite. Após o acidente, a Petrobrás anunciou que voltaria a produzir derivados de petróleo na parte da unidade que não foi afetada pelo incêndio, o que deixou os empregados inseguros, segundo o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi.

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Ele acusa a falta de efetivo e de manutenção como a causa do acidente. “As refinarias estavam com cargas baixas, quase parando. Após a greve dos caminhoneiros, a carga das refinarias vem subindo. Porém não tem trabalhador suficiente para manter a operação segura.”

A Replan é alvo de protestos de sindicatos devido à segurança de operação desde o ano passado, quando parou após um acidente que espalhou partículas poluentes no seu entorno.

O anúncio da volta de parte da produção foi criticada pela FUP, que denunciou a falta de segurança da unidade à Justiça e à ANP. Segundo a FUP, na tarde de sexta-feira a juíza Veranici Aparecida Ferreira da 2.ª Vara do Trabalho de Paulínia determinou prazo de 48 horas para que a Petrobrás se manifestasse sobre a volta da unidade, ao mesmo tempo em que a ANP interditou a refinaria.

Origem. Nas negociações para pôr fim à greve dos caminhoneiros, em maio, o governo se comprometeu a dar um subsídio de R$ 0,46 no preço do diesel até o final do ano para os importadores, a fim de equipar o valor com o mercado internacional e garantir o abastecimento do mercado interno.

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Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o subsídio é insuficiente para cobrir os custos de importação e o preço de referência calculado para o pagamento dos importadores pelo governo deveria ter um acréscimo de R$ 0,15 para valer a pena.

Desde que a Petrobrás começou a praticar a paridade do preço da gasolina e do diesel com o mercado internacional, em julho do ano passado, as importações do combustível subiram expressivamente, atingindo o recorde de 10,3 milhões de barris em janeiro deste ano. Com o anúncio do subsídio, as importações caíram para cerca de 4 milhões de barris, segundo dados da ANP.

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