O presidente da Volkswagen do Brasil, Hans-Christian Maergner, afirmou nesta quarta-feira em São Paulo que a montadora deverá reduzir em 40% o número de veículos exportados até 2008. Somente em 2006, a expectativa é de um corte de 31% nas vendas externas, que passaram do recorde de 256 mil unidades em 2005, para 175 mil este ano. Os anúncios são feitos no mesmo dia em que a lança a segunda fase de seu plano de reestruturação, iniciado em 2003, com o objetivo de cortar custos e buscar rentabilidade. A empresa tem prejuízo no País há oito anos e, segundo o executivo, espera chegar a lucro operacional em 2007. O plano prevê uma série de ações, que incluem demissões a partir de novembro, quando vence o acordo de estabilidade fechado com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Maergner se recusou a confirmar o número de cortes, mas os sindicalistas do ABC afirmam que serão 5,4 mil demissões até 2008, sendo 3 mil somente este ano."Qualquer número é pura especulação", disse o presidente da Volks. Fechamento Ele afirmou que a matriz na Alemanha sugeriu o fechamento de uma das fábricas da Volks no Brasil, por causa dos altos custos e da ociosidade de aproximadamente 70%. Maergner afirmou que "a empresa pretende evitar que isso aconteça e iniciará imediatamente as negociações com as entidade sindicais para melhorar a produtividade e diminuir os gastos". Ele disse que não haverá transferência de unidades produtivas do Brasil para outros países. Segundo o executivo, a empresa pretende cortar 25% dos custos de produção dos novos modelos a serem lançados até 2008. Ele admitiu que a fábrica da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, é a mais custosa para a empresa. Sem mencionar o nome da concorrente Fiat, o executivo afirmou que a produção em Minas Gerais (a multinacional italiana tem fábrica em Betim) custa a metade da Volks no ABC. Investimentos De acordo com ele, a Volks reduz continuamente os investimentos no País: de 10% da receita, em 1998, para 2% em 2005. Atualmente, a margem das vendas externas, segundo Maergner, não cobre os esforços para exportar e a empresa tem dificuldades para elevar os preços dos produtos vendidos. "A valorização do real foi de 33% entre 2003 e 2006; ninguém esperava isso e é impossível fazer o repasse desse custo", disse o executivo. O presidente da Volks adiantou que a empresa não planeja reduzir a produção no mercado doméstico, mas lamentou a falta de iniciativa do governo federal de criar programas para incentivar as vendas de veículos no Brasil, que crescem abaixo do esperado desde 1997.