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Para Delfim, juro não permite valorização do dólar

Por Agencia Estado
Atualização:

Os juros estão tão altos que não há a menor esperança de que a estimativa do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, de uma valorização do dólar frente ao real em 2005, se realize. Essa é a opinião do deputado federal Delfim Neto (PP-SP), ex-ministro da Fazenda. "Na verdade, nós hoje somos o instrumento de um ataque ao dólar e o Brasil está pagando um preço muito alto por isso", afirmou Delfim ao Conta Corrente, da Globo News. "Estamos repetindo aquele namoro com valorização cambial que já nos prejudicou tanto nos últimos 15 anos", critica o ex-ministro. "A cada instante que você tenta usar o câmbio como um instrumento coadjuvante de combate à inflação, você caminha numa direção equivocada. Se você observar o IPCA, que é a meta inflacionária que o Banco Central usa como objetivo, desde janeiro de 99 até dezembro de 2004, ele praticamente está constante quando você retira da amostra aquele período de especulação no final do governo Fernando Henrique e início do governo Lula." De acordo com Delfim, a ação do BC, com relação ao câmbio, tem sido muito pequena. "Ela é imperceptível estatisticamente". Autonomia do BC Para Delfim Neto, a autonomia do BC é absolutamente fundamental num sistema de metas inflacionárias. Segundo ele, as metas constituem um sistema muito melhor do que o utilizado no passado para coordenar as expectativas. "Em 2002 nós tínhamos perdido o pé. Nós queremos esconder o fato de que a inflação em 2002 foi de 12,5% e que na passagem do governo Fernando Henrique para o governo Lula ela estava rodando em 25%", disse. "O início do governo Lula foi brilhante. A operação do BC foi brilhante. E a operação do Palocci foi brilhante elevando o superávit primário. Em maio, as expectativas já tinham retornado ao nível anterior à crise. De lá para cá o BC não fez nada que preste." Crescimento Conforme o ex-ministro, a redução das despesas públicas é a única saída para que o Brasil volte a um crescimento robusto. Segundo ele, o Estado brasileiro não cabe no PIB do País. "É preciso fazer um programa de corte permanente das despesas públicas como se fez no Japão, na Irlanda e na Dinamarca. Criar uma expectativa favorável, que permita baixar os juros quase instantaneamente, que ponha o País para funcionar". Agricultura Delfim Neto acredita que as exportações do agronegócio vão continuar crescendo. Mas alertou que os custos da agricultura foram feitos com uma taxa de câmbio muito mais desvalorizada. "Nós vamos encontrar outra vez a agricultura tendo dificuldade de saldar seus compromissos." O problema, segundo ele, é que a taxa de câmbio não é para produzir o equilíbrio hoje. "Ela tem que atrair para o setor exportador um número muito maior de empresários. Nós ainda vamos ter uns saldos adequados, mas se persistirmos nessa idéia, vamos pagar um preço muito caro." Riscos externos O ex-ministro garante que as dificuldades do cenário externo, como a aceleração da inflação americana e o aumento de juros básicos nos EUA, não afetarão o crédito externo nem o fluxo de capitais. "O problema de desvalorização do dólar é importante, mas é irrelevante do ponto de vista brasileiro." O que interessa para o Brasil, segundo Delfim, são as moedas que se valorizam mais em relação aos exportadores que são nossos competidores. "O Brasil tem a moeda mais valorizada do que todos os países asiáticos. O nosso problema não é produto da desvalorização do dólar, mas de nós valorizamos mais que os outros. E, portanto, nossa capacidade de competição caiu."

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