PUBLICIDADE

Publicidade

Para driblar crise, agência exportadora prioriza mercado dos EUA

Por ISABEL VERSIANI
Atualização:

À frente da Apex, agência do governo responsável pela promoção das exportações, o economista Alessandro Teixeira quer adotar uma postura agressiva diante do desaquecimento da economia dos Estados Unidos, principal mercado consumidor de produtos brasileiros. A estratégia é intensificar os eventos promocionais nos EUA em meio a incertezas sobre o grau em que a crise poderá afetar as vendas externas brasileiras. "Tem uma teoria que diz que momentos de crise são os momentos em que o bom investidor mais investe. Eu compartilho disso", afirmou o presidente da Apex à Reuters. "Estou otimista porque tenho um plano de ação." Para este ano, a agência tem programados 83 eventos nos EUA, entre participação em feiras de negócios, organização de missões compradoras e eventos promocionais em redes de supermercardos. Teixeira também viaja mensalmente ao país para consolidar a atuação do escritório de negócios que a Apex mantém em Miami para oferecer apoio logístico aos exportadores brasileiros. No ano passado, os Estados Unidos absorveram 15,6 por cento das exportações brasileiras. "Se a crise for fraca, eu ganhei mercado. Se a crise for muito forte, eu pelo menos diminui as perdas em relação aos outros, o que também é uma forma de ganhar", afirmou. Sobre o quadro atual da balança comercial brasileira, que já vê o superávit cair diante de um crescimento desenfreado das importações, Teixeira diz que ele exige atenção, mas não se diz "apavorado". O superávit comercial brasileiro caiu em 2007 frente ao ano anterior pela primeira vez desde 1998, para 40 bilhões de dólares. No período, as exportações cresceram respeitáveis 17 por cento, mas as importações dispararam 32 por cento. PERFIL FAVORÁVEL DAS IMPORTAÇÕES Em janeiro deste ano, o aumento das importações foi de 46 por cento frente ao mesmo período de 2007 e a balança teve o menor superávit em mais de cinco anos, de 944 milhões de dólares. Teixeira admite que, se esse cenário fosse "estático", o país estaria fadado a voltar a registrar grandes déficits comerciais em poucos anos. Mas sua avaliação é de que o crescimento das importações irá arrefecer, enquanto a alta das exportações deve se estabilizar em torno de 10 a 12 por cento pelos próximos anos. Para 2008, a meta oficial do governo é de que as exportações cresçam para pelo menos 172 bilhões de dólares, frente aos 160,6 bilhões de dólares do ano passado. Não há meta para as importações. "Tenho certeza de que, se você olhar no longo prazo, a taxa de importação não pode continuar crescendo da forma que está. Mesmo porque, se você olhar o perfil das importações, em grande parte você tem bens de capital, que servem para aumentar a capacidade produtiva", acrescentou Teixeira. Os dados da indústria e do consumo interno também confirmam que a alta das importações não está ocorrendo em prejuízo do crescimento do país, acrescentou. (Edição de Daniela Machado)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.