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Presidente da Suzano defende a renúncia de Temer

Ao 'Estado', outros executivos e donos de empresas afirmaram que o País precisa agir rápido para que a recuperação econômica não seja revertida

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller e Monica Scaramuzzo
Atualização:

Empresários e executivos ouvidos nesta quinta-feira pelo Estado afirmaram que o Brasil precisa agir rápido para que a tendência de recuperação da economia percebida nos últimos meses não seja revertida pela nova crise política que se instalou no País após a delação negociada entre os donos da JBS e a Polícia Federal envolver o presidente Michel Temer.

Empresários repercutem denúncias contra Temer Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

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O presidente da Suzano, Walter Schalka, afirmou que a renúncia é o melhor caminho: "Eu acho que o melhor para o Brasil agora é a renúncia. A segunda melhor alternativa para o Brasil agora é a chapa Dilma-Temer ser cassada. A terceira é o impeachment. E a quarta e pior alternativa é a permanência do Michel Temer sem legitimidade e credibilidade."

Veja abaixo as declarações de empresários e executivos ouvidos pelo Estado:

Walter Schalka, presidente da Suzano 

Walter Schalka | Suzano Foto: Clayton de Souza/Estadão

"É muito preocupante, porque o Brasil vinha num ciclo virtuoso que obrigatoriamente vai ser suspenso por essa situação que nós estamos vivenciando. E aí eu acho que nós deveríamos ter uma situação em que nós conseguíssemos sair dessa crise institucional que nós estamos vivendo hoje mais fortes para o futuro se nós fizermos uma transição de governo imediata e com alguém que tenha credibilidade de continuar as reformas tão necessárias para o Brasil. É impossível o Brasil não fazer as reformas e quanto mais tempo a gente esperar por elas, pior será."

"Temos que agir rápido e num processo que tenha solução institucional que seja dentro da Constituição brasileira e que respeite a possibilidade de continuar o processo tão necessário de reformas para o Brasil. E não falo só das reformas econômicas, mas da política também, que ficou mais forte agora."

"Nós precisamos de gente que tenha legitimidade e credibilidade, é a única alternativa que temos para não interrompermos o início desse ciclo virtuoso que estávamos vivendo. Eu estou saindo do congresso do Itaú, em Nova York, e os investidores estão completamente decepcionados com o que está ocorrendo no Brasil. Eu tive reunião com investidores ontem (na quarta-feira), e o clima era absolutamente positivo. Hoje, o pessoal está vendendo o Brasil, não sabe mais o que vai acontecer. Temos de reverter isso rapidamente. Passamos a sangrar o Brasil de novo, precisamos agora estanca-la."

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"Eu acho que o melhor para o Brasil agora é a renúncia. A segunda melhor alternativa para o Brasil agora é a chapa Dilma-Temer ser cassada. A terceira é o impeachment. E a quarta e pior alternativa é a permanência do Michel Temer sem legitimidade e credibilidade."

Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza

Luiza Trajano é apresidente do Conselho Deliberativo do Magazine Luiza Foto: Hélvio Romero/Estadão

"Primeiro eu acho que tem de ser apurado tudo direitinho, não dá para deduzir nada antes de apurar. Segundo eu acho que a economia está cada vez mais se descolando da política, eu acho que isso está sendo positivo. Eu espero que não atrapalhe a economia e nem faça a gente voltar para trás, que o Congresso tenha o juízo de aprovar o que tem de ser aprovado. É um momento delicado, mas eu espero que se privilegie o País e não as forças políticas, as forças contrárias ao Brasil. Eu espero que todo mundo tenha um senso de responsabilidade para o País. Eu acho que as reformas são importantes, a gente sabe disso, porque o País precisa se modernizar. Eu espero que não paralise o País, que as pessoas que dirigem o País tenham alternativas rápidas para redirecionar (a economia)."

Junior Durski, fundador da rede de Madero

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"Nós viemos dois ou três anos com o bico do avião para baixo, caindo sem parar, e em março e abril virou o bico para cima, a nossa recuperação de venda foi excepcional. Dá para ver que a tendência virou para o lado de cima. Agora, é um balde de água fria para a economia, acho que desanima, pois era frágil a tendência de recuperação. Mas, por outro lado, falei para o meu pessoal hoje: se a economia ficar pior, nós vamos ter de trabalhar mais, correr ainda mais atrás dos resultados."

"A solução rápida (para o problema político) não é necessariamente a melhor. Então, eu acho que é melhor sofrer mais e curar um pouco melhor a doença do que colocar só um curativo. Para curar o câncer, a radioterapia vai fazer cair o cabelo, mas vai curar o câncer. Temos que passar pela dor e resolvermos. É um absurdo quando a gente vê uma pessoa do nível do Aécio Neves, que tínhamos como uma pessoa decente, ser gravado no mês de março fazendo falcatruas. Se fosse dois anos atrás, tinha até a desculpa que era assim que as coisas funcionavam, mas agora... Os caras não aprenderam, tem que extirpar melhor esse câncer. É incrível a que profundidade estava isso."

"Nós não fomos pelo lado fácil. Fácil seria dar mais R$ 3 mil ou R$ 5 mil para o cara e não nos expormos. Nem era uma fortuna. E, sendo errado, neste momento de mudança no Brasil, ninguém tem o direito de fazer errado. Não é possível. Nem o cidadão, nem os empresários e nem os políticos."

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Josué Alencar, dono da Coteminas

“É muito cedo para a gente fazer prognóstico. Hoje qualquer palavra é precipitada Passamos os últimos dois anos por uma avalanche. Talvez seja a maior crise políticaque já passamos. Infelizmente, eu não sei... A gente, quando esta vivendo uma crise, sempre acha que é a pior crise de todas. Vamos aguardar. A única coisa que eu posso te garantir é queo Brasil não vai acabar.”

Luiz Pretti, presidente da Cargill no Brasil

Luiz Pretti | Cargill Foto: TIAGO QUEIROZ|ESTADÃO

“Estamos consternados com as notícias. Recebemos tudo isso com muita tristeza. O Brasil estava indo por um caminho muito positivo. Ainda que os dados apontassem uma recuperação mais lenta, havia um caminho: queda da taxa de juros, recuperação do emprego, encaminhamento das reformas. Passei a parte toda da manhã explicando para nossos acionistas dos EUA o que estava acontecendo. As perguntas giraram em torno da confiança nas instituições. É difícil explicar... Até semana passada, o Brasil estava indo pelo caminho certo, tinha um projeto de governo.”

Pedro Passos, acionista da Natura

Pedro Passos Foto: Nilton Fukuda|Estadão

“Havia um consenso de que oTemer faria um governo de transição com legitimidade e teria condições de conduzir as reformas. Temos de confiar de que as instituições devem ser respeitadas e darão uma solução. Adiar esse projeto (de reformas) prejudica o País e é uma involução do que estava sendo feito. Essa descontinuidade do poder gerar incertezas e não é bom para o País. Temos de ter calma.”

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