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Para encarar 2009 de frente

Por Antonio P. Mendonça
Atualização:

Dizem os chineses que ano interessante é aquele em que as coisas se complicam e fazem mais difíceis as vidas das pessoas. No ritmo que vai, 2009 será um ano interessante. A crise que sacode o planeta é das mais sérias desde 1929, quando o mundo entrou numa espiral sem fundo, da qual só saiu no final da 2ª. Guerra Mundial, com o surgimento dos EUA como nação mais rica da Terra. Embora seja difícil comparar os dois momentos, a crise atual tem nuances que não existiam em 1929. Como o processo de globalização do planeta e a velocidade da comunicação, o que a faz única e impossibilita sua análise. Assim, qualquer previsão sobre sua capacidade de causar danos, duração e conseqüências é muito mais fruto da avaliação pessoal do que um processo científico. O que se sabe é o que se vê. E é pouco para entender o que acontece há um ano e meio, quando ficou evidente que alguma coisa estava errada na economia norte-americana. Boa parte das informações ou estão escondidas, ou ainda não foram completamente estudadas, o que torna o quadro incompleto. Mas há fatos que não podem ser desconsiderados. Entre eles, o crédito internacional, que sumiu porque boa parte do dinheiro que diziam que estava no mercado também sumiu, se é que algum dia existiu. A consequência foi uma crise de confiança que quebrou boa parte do sistema financeiro global e obrigou os governos a intervirem para salvar suas respectivas economias. De outro lado, a recessão atacou as principais nações do mundo, além de mostrar indicadores ruins e que ninguém sabe quando melhorarão. O fato é que já foram investidos mais de US$ 3 trilhões para reaquecer a economia mundial, sem qualquer resultado positivo. O Brasil, como parte deste cenário, não terá como passar ao largo da tormenta. Ela já está aqui, representada pela falta de crédito, pelo desaquecimento vertiginoso do mercado imobiliário e pela quase que completa estagnação do mercado automobilístico. O setor de seguros faz parte das chamadas atividades de suporte. Vale dizer, ele não está na linha de frente, abrindo novos negócios, investindo em novas fábricas ou lojas. Ao contrário, ele está na retaguarda, o que garante e facilita o ataque. Quando não há ataque, não há muito a ser feito, exceto manter o fogo de barragem necessário para garantir a posição. Como em 2009 terão poucos ataques, o principal problema é manter o que já foi alcançado. A equação é complexa e só a atividade seguradora não tem condições de dar respostas, nem de incrementar as ações destinadas a mudar o quadro e aquecer a economia. Pelo contrário, a depender apenas dela, 2009 será um ano em que o empate será um grande resultado. Afinal, é de se esperar a redução de toda atividade econômica, o aumento do desemprego e da inadimplência, a diminuição do número de participantes dos planos de saúde privados, do ritmo de crescimento da previdência privada e da contratação de seguros para veículos zero quilômetros. Para não falar no aumento das fraudes. Assim, o melhor a ser feito é usar o ano para se preparar para o depois da crise, em que a economia deve voltar a crescer. Entre o muito a ser feito está a otimização dos procedimentos operacionais, comerciais e administrativos, que estão ultrapassados em boa parte das empresas do setor. No mais, é seguir a velha máxima que diz que quando tubarão sai para nadar, baiacu fica na toca. Os tubarões da crise estão à solta. É tempo de ter cautela até quando for para ousar e aproveitar as chances criadas pelo momento que abala o mundo. *Antonio Penteado Mendonça é advogado e consultor, professor da FIA/FEA-USP e comentarista da Rádio Eldorado. E-mail: advocacia@penteadomendonca.com.br

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