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Para Fiocca, resultado do leilão de energia é um sucesso

"O mais importante a destacar é que nós temos um ambiente seguro do ponto de vista da geração de energia para investimentos", afirmou o presidente do BNDES

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) considerou um sucesso o leilão de energia ocorrido na terça-feira, que conseguiu atender quase a totalidade da demanda até 2011. Conforme Fiocca, o fato de que parte da iniciativa privada tenha ficado de fora da disputa por novas usinas não seria o mais relevante. "O que importa é que haja investimento e haja geração. O mais importante a destacar é que nós temos um ambiente seguro do ponto de vista da geração de energia para investimentos". Ele atribuiu o sucesso às regras do novo modelo do setor elétrico, que permite o planejamento da oferta de energia para os próximos anos, com base nas estimativas de crescimento médio de 4,5% a 5% do PIB nos próximos anos. Dessa forma, o risco de desabastecimento estaria descartado. "Se por acaso a demanda de energia aumentar, o novo modelo dá flexibilidade para que haja mais leilões". O presidente do BNDES apresentou nesta quarta a empresários mineiros informações sobre diversos projetos de energia aprovados e financiados pelo BNDES nos últimos três anos, que somam um total de R$ 21,8 bilhões apenas na área de geração de energia. Apesar da avaliação de Fiocca, o montante de energia que as distribuidoras contrataram no leilão de terça-feira, para 2011, ficou 37% abaixo da demanda contratada para 2010, e muito abaixo das estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) no Plano Decenal 2006-15, divulgado em março. O total contratado é inferior até ao montante observado nos últimos 12 meses, que tem ficado em torno de 1.600 MW médios, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), num período em que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tem sido relativamente baixo. No primeiro leilão da EPE de energia nova, em dezembro de 2005, a demanda contratada somou 1.751 MW médios, ante os 1.104 MW leiloados na terça. O plano decenal da EPE prevê que o mercado brasileiro deverá crescer ao ritmo de 2.405 MW médios no cenário básico, em que a economia nacional (PIB) cresceria cerca de 4% ao ano e a demanda de energia em torno de 4,5%. Ou seja, para evitar gargalos na oferta, os novos empreendimentos, a serem iniciados em 2006/2007, teriam de agregar aquele montante a cada ano, já que a construção de uma grande hidrelétrica demanda quatro a cinco anos, a partir do início das obras. O consumo médio diário subiria do patamar de 46.341 MW médios de 2005 para 58.365 MW médios em 2010. Considerando um fator de carga ao redor de 50% para as hidrelétricas (produção efetiva) a potência adicional que o País teria de agregar estaria próxima a 5 mil MW a cada ano. Isso não significa que a diferença entre o contratado na terça e o estimado pela EPE não possa ser suprida nos próximos anos. O novo modelo do setor prevê que, além dos leilões de A-5 (empreendimentos com cinco anos de prazo para a construção), o governo fará também os leilões A-3, em que os empreendimentos terão três anos para ficarem prontos. Desta forma, a diferença de 1.301 MW médios entre os 1.104 MW médios leiloados na terça-feira e os 2.405 MW médios do cenário de referência poderá ser atendida no leilão de A-3, que deverá ser realizado em 2008, mantidas as regras atuais. Em relação ao cenário de alto crescimento, a diferença é de 2.776 MW médios e de 1.181 MW médios, no cenário de baixo crescimento. Nesses casos, o mais provável é que as novas ofertas sejam de usinas térmicas, em que o prazo de construção pode ser inferior aos três anos. A dúvida, porém, é identificar novos combustíveis para essas usinas. A esperança do governo era que houvesse mais oferta de energia a partir da biomassa, mas nos últimos leilões o total ofertado ficou abaixo do estimado pelo governo. No leilão de terça, as térmicas que usarão a biomassa como combustível ofertaram cerca de 60 MW médios, o que equivale a pouco mais de 5,5% do total.

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