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Para FMI, alta dos preços ameaça estabilidade política

Diretor admite que 'ferramentas' do Fundo não estão totalmente adaptadas para lidar com a crise dos alimentos

Por Nalu Fernandes e da Agência Estado
Atualização:

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, respondeu nesse domingo, 13, às críticas recentes recebidas pela abordagem do Fundo em relação à fome, em função da alta dos preços dos alimentos. Ele observa que a escalada dos custos coloca em risco o que foi alcançado pelos países na área de desenvolvimento na última década e, principalmente, ameaça a "estabilidade política" de diversos países."Estamos enfrentando um problema enorme", disse Strauss-Kahn, em entrevista coletiva após encontro do Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial (Bird), encerrando o Encontro de Primavera, em Washington, acrescentando que existe déficit de alimentos. Veja também: Líderes mundiais pedem urgência contra inflação de alimentos Álcool brasileiro tem menos impacto em alimentos, diz Bird  Mantega culpa subsídio de países ricos por inflação de alimentos Especial sobre a crise de alimentos  Celso Ming explica a alta da inflação  Economia global vive situação entre 'gelo e fogo', diz FMI Produção maior é saída contra inflação, diz Lula ONU pede medidas urgentes contra inflação de alimentos Cronologia da crise financeira  Entenda a crise nos Estados Unidos     Nas próximas semanas, afirmou o diretor-gerente, o Fundo irá revisar as "ferramentas" existentes na instituição para lidar com a crise dos preços dos alimentos, uma vez que reconhece que as "ferramentas (do FMI) não estão totalmente adaptadas" para esta tarefa. O diretor-gerente afirmou que o Fundo está trabalhando com países da África e da América Latina em busca de alternativas para que os países das regiões possam lidar, no curto prazo, com a elevação dos preços. "Tudo o que foi feito pode ser destruído muito rapidamente pela crise derivada do aumento dos preços de alimentos", alertou. Strauss-Kahn reconheceu que governos estão sofrendo com críticas mesmo que não sejam responsáveis pelo aumento da crise (principalmente por terem de apertar suas políticas monetárias). O que está em risco é a estabilidade política de diversos países e os avanços implementados, em relação ao desenvolvimento na última década, ponderou. "Estamos enfrentando um problema enorme. Então, é problema para o Banco Mundial, para o FMI e não deveria ser surpresa que nós vamos devotar muito tempo para este assunto", ponderou. "É absolutamente necessário agora reconsiderar a forma pela qual países de baixa renda estão produzindo alimentos", disse Strauss-Kahn. "É grande preocupação para o Fundo e vamos devotar muitos recursos: tempo, especialistas e recursos financeiros nas próximas semanas revisando nossas ferramentas, que são não totalmente adaptadas, eu poderia dizer, para este tipo de crise", admitiu. Incongruência Na opinião do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, há "incongruência" no fato de que há países, como os EUA, com programas de subsídios ao mesmo tempo em que há tarifas. Se os países decidem que isto (tarifas e subsídios) é importante para a questão de segurança energética, ele espera que os países se envolvam na questão quando houver "apelos de emergência" com a questão dos preços de alimentos e combustíveis para beneficiar outros países. Strauss-Kahn completou que a questão não é apenas de ter de levantar dinheiro no curto prazo para ajudar os países a passar pela situação atual. Dinheiro não é o bastante, afirmou o dirigente do FMI, quando se tem dinheiro e não se tem o que comprar. "Enfrentamos problemas de longo prazo, temos um déficit em alimentos", afirmou.

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