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Para Ipea, acordo entre Mercosul e Coreia do Sul seria benéfico para Brasil e elevaria PIB

Indústria brasileira é contrário ao acordo, mas estudo mostra que, ao reduzir tarifas, todos os ramos de atividade teriam aumento de produção e as exportações do Brasil para o país asiático cresceriam 49%

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Um acordo comercial entre o Mercosul e a Coreia do Sul seria benéfico para o Brasil e contribuiria para o aumento das exportações, produção, atração de investimentos e bem-estar dos consumidores brasileiros. É o que conclui um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso e que será divulgado nesta sexta-feira, 6. 

Pelas regras do Mercosul, acordos tarifários só podem ser firmados com países de fora do bloco com o aval de todos os membros Foto: Isác Nobrega/PR

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Apesar de a indústria brasileira ser contrária ao acordo com o país asiático, o estudo mostrou que, ao reduzir tarifas, todos os ramos de atividade teriam um aumento de produção. As exportações também aumentariam para todos, com exceção da indústria extrativa, que teria uma leve queda nas vendas ao exterior ao final do período de 20 anos, que é o prazo para que o corte de tarifas entre totalmente em vigor.

A projeção é que, nesse período, o acordo, nos termos que estão sendo negociados, levaria a um crescimento de 49% nas exportações do Brasil para a Coreia, na comparação com o que ocorreria sem o fim das barreiras. As vendas do país asiático para os brasileiros aumentariam 250%.

“O nível de proteção da Coreia já é bem mais baixo do que do Brasil, por isso, quando você abre a nossa economia, o ganho deles é maior. Mas não temos que nos preocupar em qual país está ganhando mais, e sim se o Brasil está ganhando e pronto. É um jogo de cooperação, se eu estou ganhando, é melhor para mim do que se eu não fizer o acordo”, afirmou o coordenador de Estudos em Relações Econômicas Internacionais do Ipea, Fernando José Ribeiro, responsável pelo estudo.

O acordo com os sul-coreanos vem sendo negociado por Brasil e Uruguai, mas tem a oposição da Argentina. Pelas regras do Mercosul, porém, acordos tarifários só podem ser firmados com países de fora do bloco com o aval de todos os membros.

Os representantes do governo brasileiro tentam, até agora sem sucesso, mudar as regras para permitir que os países-membros possam firmar entendimentos com outros países bilateralmente, o que permitiria, por exemplo, o fechamento das negociações com a Coreia do Sul.

Segundo o estudo do Ipea, o PIB brasileiro teria um incremento de R$ 66 bilhões (0,49%) e de 1,16% no investimento e 0,32% no salário real com a implementação total do acordo, em 20 anos.

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Além disso, haveria ganho de bem-estar para os consumidores brasileiros com a redução de preços em geral, que representaria US$ 4,75 bilhões.

“Utilizamos o modelo de equilíbrio geral, que considera os efeitos da redução tarifária não apenas em cada setor, mas analisa os impactos secundários sobre o resto da economia. É uma medida mais precisa porque questiona se, no fim das contas, a sociedade como um todo estará melhor ou pior depois do acordo. Neste caso, é positivo”, completou.

Setores

Ao analisar os ramos de atividade, o estudo demonstrou que o principal beneficiado seria o setor agrícola, que é justamente o que mais é prejudicado pelas barreiras tarifárias da Coreia do Sul. Para esses produtos, a projeção é de um aumento de 109,7% no valor exportado. Para o setor de serviços, o crescimento nas exportações seria de 91,13%.

No caso da indústria de transformação, haveria aumento de 34,59% nas exportações. Para a indústria extrativa mineral, porém, há previsão de queda de 0,02% com o acordo, nos termos negociados atualmente.

Abrindo a observação por setores, há perdas de produção concentradas em três: equipamentos eletrônicos (- 2,6%), veículos (- 0,4%) e peças e têxteis (-0,1%).

“É onde a Coreia é muito competitiva e o Brasil tem um problema de competitividade muito sério. Pode-se pensar em maneiras de aliviar o impacto sobre setores específicos, se for o caso”, completa o pesquisador.  

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