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Para J.P. Morgan, BC poderá antecipar cortes na Selic

Segundo a co-diretora de pesquisa para mercados emergentes do J.P. Morgan, Joyce Chang, a antecipação pode ocorrer com a provável redução no juro dos EUA.

Por Agencia Estado
Atualização:

O movimento agressivo de corte das taxas de juros nos EUA pelo Federal Reserve (Fed) vai permitir ao BC antecipar quase totalmente até junho a redução projetada para a taxa Selic neste ano, numa tentativa de extrair o máximo de benefícios de um custo menor de financiamento para o governo. A opinião é da co-diretora de pesquisa para mercados emergentes do J.P. Morgan, Joyce Chang, uma das mais respeitadas estrategistas de renda fixa para mercados emergentes em Wall Street. Ela projeta a taxa Selic por volta de 13,25% ao ano até junho. Já no segundo semestre, Chang prevê um corte de apenas 25 pontos-base na taxa Selic pelo BC brasileiro. "Esse é um cenário bem parecido com o que projetamos para a direção da taxa de juros norte-americana", afirmou Chang, para quem o Fed reduzirá os juros dos EUA para um patamar de 4,75% até a metade do ano, nível que permanecerá intacto até o final de 2001, segundo a analista. Para a reunião de amanhã da diretoria do Fed, a analista prevê um corte de 50 pontos-base. "Estamos prevendo um hard landing, embora as chances de se ter uma recessão de fato tenha aumentado", observou. Ela acha que haverá uma redução forte, porém temporária, da atividade econômica. Na análise do J.P. Morgan, a taxa de crescimento econômico dos EUA ficará abaixo de 1% no primeiro semestre, embora recuperando-se no segundo semestre. Emergentes - Um cenário de pouso forçado da economia norte-americana afeta de forma diferente as várias economias emergentes. O Brasil, por exemplo, tem um laço comercial com os EUA relativamente pequeno, segundo a co-diretora de pesquisa para mercados emergentes do J.P. Morgan, Joyce Chang. "Para o Brasil, os benefícios dos cortes das taxas de juros vão neutralizar e superar o impacto de uma redução da atividade econômica nos Estados Unidos", comentou. O País também sentirá o impacto positivo de uma queda nos preços do petróleo neste ano. "E o upgrade na nota de risco do País pela Moody´s e pela Standard & Poor´s (S&P) mostra que as agências de rating estão confortáveis com o rumo que a economia brasileira está tomando", acrescentou. O fato de o México ainda permanecer em perspectiva positiva (positive outlook) para o seu rating indica que a S&P acredita que os mexicanos estão mais vulneráveis ao desaquecimento econômico nos EUA do que o Brasil, segundo a analista. Além do México, o Chile deverá sofrer mais com a situação econômica norte-americana, pois isso afetará o comércio internacional. Já a Argentina, num caso parecido com o Brasil, deverá se beneficiar mais da redução dos juros norte-americanos do que sofrer com o impacto de um possível hard landing. O vento a favor para a economia brasileira com os cortes nos juros norte-americanos vai se refletir no custo da dívida externa do País. Nos cálculos de Joyce Chang, o spread dos papéis brasileiros (diferença na taxa paga em relação aos títulos do Tesouro norte-americano) deverá cair em, pelo menos, 100 pontos-base ao longo do ano, chegando a 625 pontos-base no final deste ano no caso do C-Bond, o papel brasileiro com maior liquidez no mercado secundário.

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