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Para Meirelles, não é hora de elevar compulsórios

Avaliação segue a linha definida pelo G-20, de manutenção das políticas de estímulos até a recuperação global

Por Daniela Milanese
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acredita que não é o momento de voltar a elevar os compulsórios no Brasil. A avaliação segue a linha colocada pelo G-20 neste sábado, 5, que determinou a manutenção das políticas de estímulos até que a recuperação econômica esteja assegurada.

 

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A retomada da atividade brasileira já levanta expectativas sobre a reversão de medidas adotadas durante a crise, entre elas a liberação de depósitos compulsórios. Mas Meirelles avalia que ainda é prematuro adotar estratégias de saída. "O crédito está retornando, mas ainda não atingiu o nível de crescimento anterior", afirmou hoje em Londres, após a conclusão da reunião de ministros e presidentes de bancos centrais do G-20, como preparação para a cúpula marcada para 24 e 25 de setembro em Pittsburgh, nos Estados Unidos.

 

Conforme o presidente do BC, a prioridade agora é garantir uma rota de crescimento sustentável. Portanto, é necessário que os estímulos sejam mantidos até que a retomada se mostre mais segura. Segundo ele, o acompanhamento dos indicadores brasileiros que apontarão o momento certo para a reversão dos estímulos é feito diariamente, com muito cuidado e "carinho", tanto pelo BC como pelo Ministério da Fazenda.

 

Meirelles também avalia que as estratégias de saída irão variar entre os países, conforme as medidas tomadas durante a crise. Ele acredita que alguns processos ocorrem naturalmente, pela própria redução da procura da ajuda já colocada à disposição. É o caso, por exemplo, dos recursos das reservas brasileiras liberados para os exportadores. "Continuamos prontos e abertos, mas a demanda está caindo porque o financiamento tradicional está sendo retomado."

 

Reforço de capital

 

O presidente do BC contou que os bancos brasileiros devem fazer adaptações formais às novas regras internacionais que estão sendo discutidas no âmbito do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), com o objetivo de reforçar o capital das instituições e impedir novos problemas. As novas normas caminham para a adoção de um funcionamento contracíclico do capital dos bancos, com a criação de "colchões amortecedores" para os momentos de expansão, a serem usados nas épocas de retração econômica.

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As instituições brasileiras já funcionam com uma adequação de capital mais forte do que a exigida internacionalmente, um dos motivos apontados para o desempenho mais favorável do País durante a crise. O índice de Basileia prevê a necessidade de capital de 8% dos ativos, o Brasil adotou o parâmetro de 11%, mas na prática os bancos nacionais hoje registram 17%.

 

Para Meirelles, uma mostra da situação mais saudável do mercado brasileiro é a decisão do espanhol Santander de realizar uma oferta pública de ações no País. "É interessante observar que uma grande instituição financeira internacional escolhe como estratégia de captação uma colocação no Brasil, isso mostra o papel do país na recuperação mundial."

 

Saída de Meirelles

 

Seguindo a recomendação do G-20, é cedo para falar, e ainda mais para implementar, sua "estratégia de saída" do Banco Central, brincou Meirelles. Ele reiterou que até o início de outubro decidirá se irá ou não se filiar a um partido político. Com a filiação, Meirelles poderia concorrer a um cargo público no próximo ano, que pode ser o de governador de Goiás. Em caso positivo, terá até abril de 2010 para definir sobre uma possível candidatura a um cargo público. "Espero deixar como legado quando eu sair, seja em abril (de 2010) ou em janeiro (de 2011), a estabilidade econômica como valor nacional.

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