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Para Meirelles, tirar ajuda agora seria um 'perigo'

Presidente do Banco Central volta a defender manutenção das medidas adotadas no auge da crise

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse neste domingo, 13, que o Brasil está liderando no mundo o processo de saída da crise financeira, mas as "portas" continuam abertas para as empresas que precisarem de crédito com os dólares das reservas internacionais. Na abertura do maior congresso da América Latina de revendedores de automóveis, em Brasília, Meirelles advertiu que o desmonte prematuro de medidas adotadas para o enfrentamento da crise seria um "perigo muito grande" para a economia.

 

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Embora as empresas e os bancos hoje não estejam precisando de dólares, o presidente do BC destacou que o mecanismo automático criado no Brasil com as medidas anticrise dá segurança nesse momento de saída da crise. Esse mecanismo permite às empresas recorrerem ao BC quando há necessidade.

 

"É um mecanismo regulado pela demanda, pelo mercado. Se for necessário, o exportador que quiser ir ao BC tomar empréstimo das reservas estamos preparados para vender. As portas estão abertas. Isso é um dado importante", afirmou. "É necessário que se mantenha o estímulo", disse Meirelles.

 

Segundo Meirelles, hoje não tem havido essa necessidade das empresas. O BC, ao contrário, está comprando dólares do mercado, o que vem reforçando as reservas internacionais. "Estamos comprando, porque há uma oferta", disse. Dos US$ 39 bilhões de dólares vendidos no mercado à vista ou emprestados às empresas, US$ 32,6 bilhões já foram recomprados pelo BC até o último dia oito de setembro.

 

O presidente do BC reafirmou que o governo não vai mexer nos depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a depositar no BC). Durante a crise, o BC liberou R$ 100 bilhões em compulsórios para estimular a oferta de crédito, sobretudo aos bancos médios e pequenos.

 

Numa avaliação do cenário externo, Meirelles disse que o grande problema hoje no mundo é com o aumento da que os países avançados tiveram com as medidas adotadas para enfrentar a crise. "Eles terão que pagar. Esse é o desafio", ponderou. "O fato concreto é que o custo no Brasil foi muito menor", disse.

 

IPI

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Entusiasmados com o discurso do presidente do BC favorável à manutenção das medidas anticrise, os dirigentes do setor automobilístico reforçaram a pressão para que o governo prorrogue até o final do ano a redução do IPI para a indústria. As alíquotas do IPI voltam a subir gradualmente em outubro até dezembro.

 

Mais do que a manutenção do incentivo, o presidente da Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze, defendeu uma redução permanente da carga tributária para o setor. "Não queremos soluços, mas harmonia de crescimento", disse. Segundo Reze, o peso dos tributos no valor do automóvel é de 25% a 49%. Para ele, o benefício do IPI durante a crise mostrou que a queda dos tributos é boa para todos, porque aumenta as vendas e, consequentemente, a arrecadação.

 

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), Jackson Schneider, também defendeu a redução da carga tributária. Ele fez questão de lembrar que, há um ano no mesmo Congresso da Fenabrave, pouco antes do agravamento da crise, os governos estaduais queriam aumentar a alíquota do ICMS do setor. "Aquela medida teria um efeito ainda mais negativo", afirmou. Segundo ele, a indústria tem potencial para crescer mais e deve chegar ao final do ano com 3 milhões de carros, mais um recorde de produção.

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